sexta-feira, abril 03, 2009

Amin Maalouf "O Leão, o Africano"


Amin Maalouf

"- Entre a Andaluzia que deixei e o Paraíso que me é prometido, a vida não é mais do que uma travessia. Não vou para parte alguma, não junto nada, não me prendo a nada, confio na minha paixão de viver, no meu instinto de felicidade, bem como na Providência. Não foi isso que nos uniu? Sem hesitar, deixei uma cidade, uma casa, uma vida, para seguir a tua voz, para alimentar o teu empenhamento.
- E agora porque é que deixaste de me seguir?
- Canso-me das obsessões."


“Quando se é rico, de ouro ou de sabedoria, tem de se cuidar da indigência dos outros.”
p.52

“A sorte muda mais do que a pele de um camaleão”
p.75

A riqueza e o poder são inimigos do bom julgamento. Quando observas um campo de trigo, não vês que umas espigas estão direitas e outras curvadas? É porque as primeiras estão vazias!”
p.237

“Quando toda a gente se aglutina em torno de uma mesma opinião, eu desapareço: a verdade está certamente em outro lugar.”
p.414


in Leão O Africano, de Amin Maalouf


«No fundo do Atlântico, há um livro. É a sua história que eu vou contar.

Talvez lhe conheçais o desenlace, os jornais relataram-no na época, algumas obras mencionaram-no desde então: quando o Titanic se afundou, na noite de 14 para 15 de Abril de 1912, ao largo da Terra Nova, a mais prestigiosa das vítimas era um livro, exemplar único dos robaiyat de Omar Khayyam, sábio persa, poeta, astrónomo.

Deste naufrágio pouco falarei. Outros que não eu pensaram a desgraça em dólares, outros que não eu recensearam devidamente cadáveres e últimas palavras. Seis anos volvidos, ainda só me obsidia esse ser de carne e de tinta de que me achei, por momentos, indigno depositário. Não fui porventura eu, Benjamin O. Lesage, que o arranquei à sua Ásia natal? Não foi nas minhas bagagens que ele entrou a bordo do Titanic? E o seu milenário percurso, quem o interrompeu senão a arrogância do meu século?»




In "Samarcanda"



" Não venho de nenhum país, de nenhuma cidade, de nunhuma tribo. Sou filho da estrada, a minha pátria é a caravana, e a minha vida a mais inesperada das travessias.

Os meus pulsos conheceram umas após outras as carícias da seda e as agressões da lã, o ouro dos princípes e as cadeias dos escravos. Os meus dedos afastaram mil véus, os meus lábios fizeram corar mil virgens, os meus olhos viram agonizar cidades e morrer impérios... "

in Leão, O Africano de Amin Maalouf

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