"Julgando um dever cumprir,
Sem descer no meu critério,
Digo verdades a rir
Aos que me mentem a sério!
Em não tenho vistas largas
Nem grande sabedoria
Mas dão-me as horas amargas
Lições de Filosofia."
Sinto que devo
um pouquinho deste tempo, ao António Aleixo e ao Zé Ricardo :-)
por me ter calado quando ele mo referiu por estas bandas.
É que o desafio faria-me comparar o J. Maia com o Aleixo e não caí na "armadilha"...mas ficou-me a bailar o compasso.
Não podendo comparar um com o outro, por óbvias tarefas de artimanha, trouxe-me o Fernando Pessoa o argumento, talvez incerto para alguns, mas lapidar...para mim.
Vivemos ou sentimos ainda, em Portugal, uma cultura binária (alta e baixa cultura) que faz muito tempo deixou de ter fundamento.
A cultura dita erudita tem um lugar ao sol em bronzeadores de "spa" - amarelecendo as folhas dos livros na patine do tempo das bibliotecas - que tanto gosto-,
a cultura popular (da qual bebe a cultura erudita quando não se esventra a si própria continuamente) tem o lugar debaixo do SOL e da Chuva e os pés na terra e a pele queimada. Chega a toda a gente, quando a outra chega só a alguém "muito bem apessoado" (como diria uma aluna minha de pintura com quase 80 anos).
A cultura popular é cultura (Manuel Castells), faz cultura, mistura-se nas gentes. António Aleixo faz parte da cultura portuguesa, como Camões, Pessoa, Eugénio, Florbela, Sophia...
e tem o ritmo balanceado do povo com as suas falas, cantares e revoltas e apaziguamentos. Nele se reveram os audazes e os pacificadores.
Um dia ouvi num filme qualquer coisa como isto: "Fala com as palavras simples para que todos te escutem e te compreendam. Podem admirar a tua eloquência, o teu conhecimento com as palavras complexas, mas irão vazios. Se falares com as palavras dos que te escutam, ninguém sairá igual. E tudo muda. Porque a sabedoria estará sempre nas coisas simples do mundo."
Bom, o Fernando Pessoa é mais irónico do que isto :-)
mas fica a homenagem.
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