terça-feira, março 31, 2009
( Roland barthes "O Prazer do Texto" Ed. Perspectiva, 1989, p.77)
domingo, março 29, 2009
sábado, março 28, 2009
LOBO
Conversas com António Lobo Antunes, de María Luisa Blanco, 2002
«A amizade é regida pelo mesmo mecanismo que o amor, é instantânea e absoluta.»
Conversas com António Lobo Antunes, de María Luisa Blanco, 2002
«Uma coisa é o amor, outra é a relação. Não sei se, quando duas pessoas estão na cama, não estarão, de facto, quatro: as duas que estão mais as duas que um e outro imaginam.»
Diário de Notícias, 09.11.2004
«Eu gosto desta terra. Nós somos feios, pequenos, estúpidos, mas eu gosto disto.»
“Esquecer uma mulher inteligente custa um número incalculável de mulheres estúpidas” (António Lobo Antunes)
"(...) a certeza de se ter topado um companheiro de viagem em banco à primeira vista vazio e a alegria da partilha inesperada. Uma das coisas que mais o aproximava da mulher consistia precisamente em conseguir isso com ela sem necessidade sequer de se vestir de frases, a capacidade de se entenderem num rápido soslaio e que nada tinha a ver com o conhecimento um do outro porque desde a primeira vez em que se encontraram fora assim, eram ambos então ainda muito novos e haviam-se quedado siderados com a estranha força oculta daquele milagre que com mais ninguém lhes sucedia, união tão perfeita e tão funda que, pensava, se as filhas a lograssem um dia teria valido a pena para ele o tê-las feito e para elas todos os sarampos da vida achariam razão.
(...)
O psiquiatra recordou-se de uma frase da mulher pouco antes de se separarem. Estavam sentados no sofá vermelho da sala, sob uma gravura do Bartolomeu que ele apreciava muito, enquanto o gato buscava um espaço morno entre os quadris de ambos, e nisto ela voltara para ele os grandes e decididos olhos castanhos e declarara:
- Não admito que comigo ou sem mim você desista porque eu acredito em si e apostei em si a pés juntos.
E lembrou-se de como isso o aguilhoara e lhe doera e de como enxotara o bicho para abraçar o corpo moreno e estreito da mulher, repetindo GTS, GTS, GTS, numa emoção aflita: fora ela a primeira pessoa a amá-lo inteiro, com o peso enorme dos seus defeitos dentro. E a primeira (e a única) a encorajá-lo a escrever, pagasse o preço que pagasse por essa quase tortura sem finalidade aparente de meter um poema ou uma história num quadrado de papel. E eu, perguntou-se, que fiz eu verdadeiramente por ti, em que tentei, de facto, ajudar-te? Contrapondo o meu egoísmo ao teu amor, o meu desinteresse ao teu interesse, a minha desistência ao teu combate?
(...)
Tu, pensou ele referindo-se à mulher enquanto o dentista, espécie de Mefistófeles sarcástico, lhe apontava às pupilas uma tremenda luz de ringue de boxe, pensou, escapaste sempre à derisão e à ironia em que procuro esconder a ternura de que me envergonho e o afecto que me apavora, talvez porque desde o princípio tenhas topado que sob o desafio, a agressividade, a arrogância, se ocultava um apelo aflito, um grito de cego, a mirada lancinante de um surdo que não percebe e busca em vão decifrar, nos lábios dos outros, as palavras apaziguadoras de que necessita. Vieste sempre sem que te chamasse, amparaste sempre o meu sofrimento e o meu pavor, crescemos ilharga a ilharga, aprendendo um com o outro a comunhão do isolamento partilhado (...)
Não aguentamos muitos desafios, achou o psiquiatra no instante em que o dentista lhe enganchava o aspirador no canto da boca, não aguentamos muitos desafios e acabamos quase sempre por fugir aterrados à primeira dificuldade que aparece, vencidos sem combate, cães magros que rondam traseiras de hotel no trote miúdo das fomes por saciar. O som da broca que se aproximava numa ferocidade de vespa despertou-o para a realidade da dor iminente quando aquele minúsculo Black and Decker lhe tocasse o queixal. O médico segurou os braços da cadeira a mãos ambas, apertou os músculos da barriga, fechou as pálpebras com força, e tal como costumava fazer diante do sofrimento, da angústia e da insónia, pôs-se a imaginar o mar.
(...)
Até ao fim do mundo, até ao fim do mundo, até ao fim do mundo, certo da certeza de que nada nos podia separar, como uma onda para a praia na tua direcção vai o meu corpo, exclamou o Neruda e era assim connosco, e é assim comigo só que não sou capaz de to dizer ou digo-to se não estás, digo-to sozinho tonto do amor que te tenho, demais nos ferimos, nos magoámos, nos tentámos matar dentro de cada um, e apesar disso, subterrânea e imensa, a onda continua e como para a praia na tua direcção o trigo do meu corpo se inclina, espigas de dedos que te buscam, tentam tocar-te, se prendem na tua pele com força de unhas, as tuas pernas estreitas apertam-me a cintura, subo a escada, bato ao trinco, entro, o colchão conhece ainda o jeito do meu sono, penduro a roupa na cadeira, como uma onda para a praia como uma onda para a praia como uma onda para a praia na tua direcção vai o meu corpo.
(...)
Nunca topei corpo para mim como o teu, disse-se o médico vertendo a cerveja na caneca, tão à medida das minhas humanas e desumanas medidas, as autênticas e as inventadas que nem por o serem o são menos, nunca topei uma tão grande e boa capacidade de encontro com outra pessoa, de absoluta coincidência, de se ser entendido sem falar e de entender o silêncio e as emoções e os pensamentos alheios, que me foi sempre milagre termo-nos conhecido na praia onde te conheci, magra, morena, frágil, o teu antiquíssimo perfil sério pousado nos joelhos dobrados, o cigarro que fumavas, a cerveja (igual a esta) no banco à tua ilharga, a tua perpétua atenção de bicho, os muitos anéis de prata dos teus dedos, minha mulher desde sempre e minha única mulher, minha lâmpada para o escuro, retrato dos meus olhos, mar de setembro, meu amor."
in Memória de Elefante, António Lobo Antunes, 1979
sexta-feira, março 27, 2009
poemas visuais em / de Antero de Alda
já aqui falei dela em tempos...
Pensar é estar doente dos OlhOs Alberto Caeiro
retratos e transfigurações
change de future
art is not a crime
Janela Talibã fotos de Sabastião Salgado e do filme "Panj E¨asr" (adaptado)
Pensamento
Todas as grandes verdades começam como blasfémias. BERNARD SHAW
as grandes histórias também?
quinta-feira, março 26, 2009
quarta-feira, março 25, 2009
"O Pintor de Batalhas" Arturo Pérez-Reverte
(Edições ASA, Março de 2007)
"A geometria do caos no rosto sereno de uma rapariga moribunda".
"«O Cavaleiro, a morte e o Diabo» deDurer (...), numa sequência de movimento extraordinário, como se se tratasse de uma só personagem cujo avanço tivesse sido decomposto visualmente: ptresságio assombroso das distorções temporais de Duchamp e dos Futuristas, ou das cronofotografias de Marey. No quadro de Ucello, sobre o que à primeira vista parecia um único cavalo, o grupo era formado por cinco cavalos quase sobrepostos, dos quais se conseguiam ver quatro cabeças com três penachos, um deles suspenso no ar. Um único guerreiro (...). O tempo e o acaso, à sua maneira, também pintavam." (pp.109-110)
"
Dolls - um filme do cineasta japonês Takeshi Kitano
"Dolls" foi um dos mais intrigrates filmes que tive a oportunidade de ver em grande écran.
A cor e o enquadramento é estonteante. o amor é prisioneiro, mas inicia a viagem autista, cega (como o beijo do quadro de Magritte).
As histórias encaixam umas nas outras, como o teatro de marionetas japonesas que iniciam o filme que não acaba. nenhuma história acaba, todas ficam em suspenso, todas. como as marionetas, encurraladas nos fios que lhes dão vida. nós em suspenso esperando o final conclusivo da história, quem não espera pelo fim da história? aqui esse último e derradeiro prazer é-nos negado, nós que esperamos sempre por uma pista que esclareça os finalmentes e nos traga à consciência uma possível moral. aqui entendemos como fomos formatados culturamente, somos nós as marionetas.
este seria um dos filmes que mais me marcou e que já falei aqui nos inícios deste blog
não é sempre, só volta e meia - meia volta, gosto de voltar ao que já fui
METROPOLIS - Fragile 1927 - Fritz Lang
......e a arquitectura cinematográfica
Carlos Paredes - cais das colunas
...eu era garota ainda e, na "casa do Alentejo" em Lisboa, fui à sala do lado, normalemente é na sala do lado que acontecem as coisas, estava o Carlos Paredes ensaiando a guitarra, figura triste, solitária, envolto em garotada, os dedos fervilhando nas cordas. Eu parada. Ele para lá de gente, para lá do humano, parecia absorto face ao espanto dos meninos que o rodeavam. Como podia alguém tão distante cativar tanto a meninada.
Quando tocou na sala, já principal, já o músico com a plateia prevista, a mesma figura para lá de gente, para lá de humano. A mesma timidez humilde, instrumento do instrumento? nunca soube, não era de conversas, nem ele, nem eu. A música, essa dedilhada, exuberante entrava pela pele dentro sem pedir licenças à timidez.
O cais das colunas é um sítio mágico de Lisboa que muitos sítios mágicos tem. É o Tejo preparando-se para o mar, as gaivotas, os barcos da travessia, a aragem e atmosfera...hipnótico!
segunda-feira, março 23, 2009
L'ETERNITÉ
[Rimbaud Mai, 1872]
domingo, março 22, 2009
sábado, março 21, 2009
21 de Março - equinócio da primavera
sexta-feira, março 20, 2009
quinta-feira, março 19, 2009
consciências
"A Liberdade nasce na consciência de cada Homem"
em "O homem do País azul" Manuel Alegre
Esta frase "deu-me" a Ângela do 10º ano
Agradeço à aluna a lembrança numa época em que a Integração nas Escolas é tema em debate.
Nestes assuntos, como noutros, a inconsciência dos factos torna-se perigosa e enganadora – quase ridícula!
A própria palavra integração trai-se relativamente ao conceito que hoje e agora a sociedade lhe atribui. Integrar quereria dizer aceitar o “outro”. Ora colocar o “outro”, o “diferente” no seio de uma cultura dominante (Foucault debruçou-se bastante sobre estes conceitos que se invertem) faz pressupor que o que integra prevalece sobre o que é integrado. Indo à semiótica da linguagem, os pragmatistas alertaram para o efeito culturalizante e colonizador (das palavras e do texto e da cultura - como Roland Barthes a partir dos anos 50).
Ana Benavente foi uma convicta adepta da integração após os estudos que efectuou e redigiu entre os anos 80 e 90 e depois já no novo milénio. E efectivamente muitos projectos foram efectivados mediante as expectativas criadas então em bairros problemáticos dos subúrbios das cidades:
quem experimentou a “Integração” à “la carte” portuguesa, conhece os obstáculos, as dificuldades, as armadilhas que uma ideia cheia de boas intenções provoca. Dá com uma mão e tira com a outra.
Na verdade, alguns projectos singulares estabeleceram acordos com Associações e IPSS (s) promotoras do apoio a cidadãos mais desfavorecidos e outros portadores de deficiências.
Conheci também, de perto, casos em que as Escolas (anos 80) estabeleciam parcerias com as Instituições de apoio e os garotos com dificuldades de integração social e de aprendizagem eram acompanhados nas Instituições com pessoal especializado. Sei dos casos de sucesso mais dos que de insucesso. Mas aí os alunos apenas frequentavam na Escola algumas disciplinas protocoladas com a Instituição.
Ora assistimos hoje à procura de descreditação dessas Instituições que tanto trabalho deram a equipas de voluntariado (caso das Cercis – pirilampo mágico por exemplo) e que estão devidamente equipadas (em pessoal, acessibilidades, apoios médicos e arquitectura), estruturadas e formuladas para o apoio social às famílias e utentes portadores de deficiência.
Outras há cujo trabalho incide na Integração de jovens de outras etnias e raças, preparados que estão para as diferenças culturais de jovens oriundos de países com culturas tão marcantes, ou de etnias cuja cultura, por ser tão estruturada, dificulta o trabalho de acesso até aos rituais de sociabilização entre eles próprios (casamentos, proibição das meninas frequentarem a escolaridade após os 10 anos, nomadismo, etc.). Essas Instituições ou Associações têm tido um significado ímpar e de elevado desgaste pessoal na sociedade portuguesa pelo trabalho e empenho que desenvolvem na compreensão de outras formas de estar, agir e reagir.
Apesar do fraco apoio (logístico, financeiro, ministerial) de que dispõem, muito embora a “propaganda” seja outra, procuram aceder ao compromisso com os cidadãos mais carenciados, inclusive a velhice e a solidão que a acompanha, esclarecimento às acessibilidades e possibilidades legais de protecção social, etc.
Deste modo têm potenciado a valoração dos indivíduos, a percepção dos cuidados básicos de higiene, saúde, prevenção da maternidade precoce ou involuntária, marginalização versus activismo cooperante, etc.
Mais do que qualquer Escola deste País, entendem as dificuldades com que se deparam.
No caso das deficiências, e nenhuma família está livre disso (conheço casos de pessoas perfeitamente “normais” que após um AVCs, ou um acidente rodoviário perderam a autonomia) e, tenho a certeza que nenhuma delas (pessoas e família) desejaria “integrar-se” numa Escola (como a minha por exemplo) onde nem um balneário adequado a uma cadeira de rodas existe, quanto mais pessoal preparado para a limpeza e higienização pessoal, sem falar de outras realidades que só quem por lá passa saberá.
Estamos a falar de DIGNIDADE!
Sejamos realistas: As Escolas estão impreparadas para qualquer tipo de experiência de integração. A não ser que a ideia seja fazer “sabão” (como nas experiências laboratoriais dos campos de concentração nazis) e EXCLUIR quem possa pagar a escolaridade em Escolas do Sector Privado.
Por muito fascinante que seja a ideia eu (e acredito que qualquer outra pessoa que leia estas palavras) dispenso ter na minha aula (ou no meu escritório, ou na minha loja, ou no supermercado onde vou) um aluno com autismo profundo a bater com a cabeça nas paredes e a babar-se todo – porque é o que acontece – enquanto a restante turma "O" ou "A" integra nas “actividades” de uma sala de aula sem paredes almofadadas e lhe explicamos, ao mesmo tempo, como traçar rectas paralelas, ou quem foi o autor da arte cinética.
Seria MENTIRA da grande: mentira aos pais, mentira à Escola, mentira à sociedade, mentira ao indivíduo…É uma mentira!
É que eles CRESCEM como os outros! E depois?
Na compreensão da diferença poderemos ter a dignidade de participar e colaborar na integração de todos, nos locais e nos tempos adequados para a especificidade de cada um. Já é tão difícil ser diferente entre “iguais”. Já é ridículo alguém querer ser igual quando é diferente - e isto é já uma patologia por si só. Não é por quererem aceitação entre pares que se iniciam os "jogos de sedução" para a deliquência, experimentação de drogas, boolings e ademais MODAS sociais-socializantes nos comportamentos juvenis e humanos? Quereremos ser Pinguins? É que nunca vi um pinguim deficiente ou desigual. Devem ser abandonados ou morrem à nascença, não sei. Mais um menos um quem se importa? Seja como for são indiferenciados.
Curiosa esta notícia de 2002 que poderia quase ser a de hoje mudando/alternando os protagonistas e esta de Fevereiro de 2008 e isto e mais isto.
“Ficção de um indivíduo (algum Sr. Teste às avessas) que abolisse nele as barreiras, as classes, as exclusões, não por sincretismo, mas por simples remoção desse velho espectro: a contradição lógica; que misturasse todas as linguagens, ainda que fossem consideradas incompatíveis; que suportasse, mudo, todas as acusações de ilogismo, de infidelidade; que permanecesse impassível diante da ironia socrática (levar o outro ao supremo opróbrio: contradizer-se) e o terror legal (quantas provas penais baseadas numa psicologia da unidade!). Este homem seria a abjecção de nossa sociedade: os tribunais, a escola, o asilo, a conversação, convertê-lo-iam em um estrangeiro: quem suporta sem nenhuma vergonha a contradição? Ora este contra-herói existe: é o leitor de texto; (…)”
(“O prazer do texto”. 1987,pp. 6-7. Editora Perspectiva. S. Paulo)
ele é Roland Barthes e uma semiologia do impasse
quarta-feira, março 18, 2009
Londres
"Aconteceu numa estação de metro de Londres.
Foi numa segunda-feira de manhã e todos foram trabalhar numa energia maravilhosa depois. São 70 bailarinos misturados com passageiros e esses acabam interagindo nas danças
O "show" foi planeado e ensaiado durante 8 semanas, sem o conhecimento do público"
terça-feira, março 17, 2009
Blogs dos portfólios digitais das alunas
Paul Guaguin
domingo, março 15, 2009
"Dois suspeitos, A e B, são presos pela polícia. A polícia tem provas insuficientes para condená-los, mas, separando os prisioneiros, oferece a ambos o mesmo acordo: se um dos prisioneiros testemunhar para a procuradoria contra o outro e o outro permanecer em silêncio, o acusador sai livre enquanto o cúmplice silencioso cumpre 10 anos de sentença. Se ambos ficarem em silêncio, a polícia só pode condená-los a 6 meses de cadeia cada um. Se ambos traírem o comparsa, cada um leva 2 anos de cadeia. Cada prisioneiro faz sua decisão sem saber que decisão o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisão do outro."
Wikipédia
MANIF3STOS
e o CD "Gerasons"
fez-nos companhia para casa
parabéns J
porque não resito
Cristina Branco lançou o novo album "Kronos" sobre o tempo...com a participação de Julio Pomar, Manuel Alegre, Mário Laginha, Vasco Graça Moura entre outros...
este é ainda "Ulisses" que tantas vezes aqui me trouxe:
almas perdidas
já aqui tinha citado em 2006 esta passagem de SM, mas relembrei ao ver
"Coaching para professores", o livro de Juan Pérez, saltou-me à vista.
É extraordinário que, academicamente e cientificamente nos tenham de vir dizer as técnicas, devidamente experimentadas empiricamente, que mais eficazes são para não nos tornarmos “almas perdidas” em corredores de escolas.
Em tempos de “crise” crescem, como papoilas no campo, os produtos e receituários prescritivos para nos remeterem ao óbvio da existência, “O segredo” para alcançar as simpatias do Universo.
Com todo o respeito pelo que JP defende, sinto cada vez mais que nos escapa a capacidade de entender, definitivamente, que a Vida é toda ela apenas um instante. A questão é: como queremos beber esse instante.
Quando as estratégias de sobrevivência se tornam a chave para a possibilidade de existir, efectivamente teremos que nos questionar…ou comprar o livro...
Nos circuitos empresariais (alguns) faz algum tempo que já se compreendeu que o trabalhador feliz trabalha com alma. Por isso organizam saídas de canoagem, contratam empresas de outdoor e indoor, enfim...procurando que o convívio se traduza em produção talvez, mas permitindo que as pessoas se sintam pessoas, mesmo que, de quando em vez - faz parte das documentadas técnicas empresariais:
A Escola está a apagar esse lugar, essa compreensão, por isso esperem, porque estão em crescendo, os vídeos, palestras, relatos, livros e documentários, explicando que é preciso ser-se feliz para se ser bom profissional e quais os passos que devemos desenvolver, dentro de nós próprios para sermos mais felizes, agora mais ainda na Educação.
Talvez porque os professores cada vez se esqueçam mais que ser-se um dia de sol é mais importante na vida que descascar vidas alheias.
Podemos perder horas discutindo os problemas do aluno x cujo comportamento insuportável é causa e efeito das insuportáveis vidas que leva, preencher a papelada adequada para notificar a situação, organizar o respectivo dossier e depois irmos fartos para casa recomeçar nova empreitada no computador pessoal a descrever em acta as observações feitas a propósito…e nada é mais despropositado…quem no seu perfeito juízo faria uma coisa destas?
Claro que uma cházada depois da reunião e rir um pouco das traquinisses que ainda nos permitimos fazer, alteraria o diagnóstico psicótico do "aluno x problema", ou do "colega x problema". Seríamos talvez mais capazes de ver a situação com óculos de sol e não com lentes para a míopia ou para a distopia e, quem sabe, conseguir sentir que podemos ser e fazer diferente - a diferença.
...mas eu vou ficando cega...
Obviamente parte de cada um a decisão de ser-se pessoa. Mas obrigado aos JPs que nos alertam para essa óbvia tarefa.
entretanto vou beber chá para que não mo falte...
sábado, março 14, 2009
biofagia
sexta-feira, março 13, 2009
The Somnambulists
“The life or death mask can be considered the sculptural analogue of the photographic portrait. Both suggest direct traces from life, involve positive and negative, and evoke a mysterious connection between living, breathing subject and captured image…
In creating the portraits, the aim has been to take these subjects out of the categories and hierarchies of the phrenological collection. My interest has been in transforming them from disembodied scientific specimens into photographically embodied images of individual men and women.”
quinta-feira, março 12, 2009
"Aleph"
William Blake
quarta-feira, março 11, 2009
Egoísta
terça-feira, março 10, 2009
domingo, março 08, 2009
sábado, março 07, 2009
Passeios, praças, pinturas
o passeio do acaso de hoje e a imagem da pintura do convite levou-me lá...
A Galeria, situada na praça da Câmara Municipal sempre me deixou fascinada pelo espaço, pelas pedras, pela disposição arquitectónica da luz, pelos projectos e pela Paula que toma conta do espaço
deixando-me na expectativa de projectos, entusiasmos e perspectivas de dinamização de actividades várias...
quinta-feira, março 05, 2009
domingo, março 01, 2009
Nostalgia?
O José Ricardo no Jornal Torrejano In Jornal Torrejano, 27-2-09
e no seu blog "Ponteiros Parados"
propõe 12 medidas para salvar as Escolas Públicas.
Como respeito e muito aprecio o que o JR escreve e é, fiquei um pouco surpreendida com as propostas e, procurando não recorrer a qualquer tipo de literacia das Ciências da Educação, apenas baseada na minha experiência, entendi comentar o que o José propõe porque me assustou vivamente...até a fotografia escolhida.
Não será este tipo de propostas que se querem como reacção ao que se tem feito com a Educação? Faz-me lembrar célebres frases populares quando as coisas ficam feias: “Ai o meu rico Salazar!!!”, “Dantes é que era bom!”, etc. e como não esperava isso do José Ricardo atrevo-me a comentar.
1. Ter, pela primeira vez, um ministro da educação que saiba, carnalmente, o que é uma escola, e não apenas através de estudos, teses, seminários, relatórios e assessores tresloucados."
Ou uma ministra…
De qualquer modo, com as tuas seguintes propostas, só terás Ministros com os requisitos formulados: “apenas através de estudos, teses, seminários, relatórios e assessores tresloucados”.
2. Valorizar de novo a memorização na escola primária. Por exemplo, ser de novo obrigado a decorar a tabuada, os reis de Portugal e respectivos cognomes, datas importantes, assim como poesias inteiras em ritmo cantabile. Foi assim que gerações inteiras, que venceram no mundo da ciência, da política, das artes e das letras, tiveram a sua educação básica e, pelos vistos, deu resultado.
Isto não é posto em causa pelo ponto 1? Afinal quem venceu? A Ministra? Os assessores tresloucados???
E não estamos nós e os alunos num mundo tão diferente?
Que exige respostas diferentes?
Que desafia os lugares já conhecidos dos teóricos?
Que nos coloca à frente alunos e alunas com enquadramentos sociais e culturais tão diferentes?
Que nos coloca à frente alunos que sabem utilizar as novas tecnologias como nós nunca vamos saber?
Que são indiferentes à sua História porque sabem de cor os últimos capítulos dos “Morangos”?
Eu valorizo a memorização!!! Adorava ter boa memória para os Reis e Rainhas e respectivos cognomes que aprendi a recitar e dos quais nada me lembro, tirando um ou outro cuja história me exaltava os sentidos ou me espantava…já a padeira de Aljubarrota (Brites de Almeida – fui verificar o nome na www) não me escapou…talvez por não ser rainha e eu adorar o pão de Mafra na altura da minha escolaridade básica.
3. Tornar o Latim disciplina obrigatória a partir do 7º ano substituindo disciplinas inúteis e embrutecedoras e infectadas pelo eduquês, como Estudo Acompanhado, Área de projecto ou Formação Cívica. O Latim é uma disciplina fundamental para desenvolver as capacidades mnésicas e a ginástica mental, para além de servir de base a uma posterior formação erudita.
Será? Então e a Música??? “Estudo Acompanhado, Área de projecto ou Formação Cívica”, e acrescento “Educação Tecnológica” dada semestralmente (que me desculpem as/os colegas) nada mais fazem que propor uma possível boa teoria em terreno infértil e mau.
Fica ainda pior quando os professores – formados no velho estilo “cantabile” se vêem confrontados com disciplinas que não têm uma Bíblia que possam repetir incansavelmente. Qualquer e repito – qualquer - disciplina dada por professores “menos preparados” dará sempre os resultados do “eduquês”.
Eu proporia a Música como disciplina obrigatória – têm lá tudo!!! Poesia, coreografia, Matamática, Geometria, Gestalt, cor, geografia, diversidade, cultura, rigor e paixão, tem emoção.
Uma aluna minha do 10º ano ouve Edit Piaf no seu i-pod, obviamente tem formação musical…e adora! E ensina os outros a adorar.
Confesso que já ouvi gente debitar latim sem "entender"-"compreender" efectivamente o que estava a dizer. Mas lá que parecia mais erudito parecia. E umas SMS em Latim daria a volta a muita rapaziada.
4. As salas de aula deverão voltar a ter um estrado. O ensino deve estar centrado no professor e não no aluno.
É verdade que há professores com baixa auto-estima, mas não será exagero voltar aos estrados para “iludir” uma pretensa sugestão de autoridade?
Serão os professores assim tão baixos que necessitem do estrado para elevarem o intelecto uns centímetros acima do dos alunos? Ficarão mais perto do céu?
(eu gosto de me sentar nas mesas dos meus alunos e não me dou mal com a estratégia, nem isso me retira qualquer tipo de autoridade! – ai deles!). E nem sequer levanto a voz.
E porque necessita o professor que já passou pela escolaridade, que o ensino se centre nele?
Será mais uma ilusória proposta de iludir a auto-estima?
O Ensino deve estar centrado no professor quando este continua a desejar aprender e ser aluno no local certo – como aluno.
O Ensino deve estar centrado no aluno! E está na filosofia educacional, mas não foi sequer ainda entendida a proposta do que isto realmente representa. Por isso se verificam propostas que já pedem o contrário…ao que o 25 de Abril trouxe para o País e que muitos outros Países reconheceram como exemplo.
É o aluno que está a aprender (e duvido, pelo que tenho lido do JR que não se focalize nos seus alunos), seria simplicidade minha entender que isso quer dizer que a palavra “ensino” tem uma direcção e um caminho?
Partilhado muitas vezes talvez, mas centrado no professor???
Para quê?
Eu não quero que o ensino se centre em mim!!!
Quero sempre que a aprendizagem seja ainda possível ao estilo desportivo (ao ar livre): equipas de trabalho, gosto de ter adversários que me rebatam a bola e não uma parede em que a bola volta com o impacto com que a lancei eu (de que me serviria isso? Isso serviria a quem?).
A Educação deve estar centrada na Educação – Professores e Alunos são os protagonistas principais do que se ensina e do que se aprende e do “como “ se ensina.
5. Existência de numerus clausus no 9ºano. Apenas alunos com um determinado percurso escolar podem ingressar em cursos que darão acesso ao ensino superior.
Lá se ia a economia do Ensino Superior!!!:-)
Eu atrever-me-ia a sugerir que alguns alunos vissem uma luz diferente da do Ensino Superior dentro da Escolaridade Obrigatória. O Ensino das coisas básicas para a sobrevivência num universo onde o desemprego aumenta seria a minha sugestão. Cursos Profissionais, tecnológicos, o que seja, mas com a dignidade que realmente merecem (aqui sim, voltaria a alguns projectos antigos dos antigos Liceus): Culinária, mecânica, costura, electricidade, geriatria, pediatria, etc. têm conhecimentos essenciais para tratar dos que nascem, dos que envelheceram, dos que se divorciam, dos que são pais e mães precoces, dos que verificam, como eu, que cada vez que a máquina da loiça se estraga, fica mais caro pagar a alguém que a arranja temporariamente, que comprar uma nova…e voltamos à economia.
Aqui chego ao teu ponto 6:
6. Separação, clara e inequívoca, entre Cursos Gerais e Tecnológicos. Nos Cursos Gerais, dever-se-á aumentar drasticamente o grau de exigência. Os Cursos Tecnológicos serão radicalmente práticos.
Entendo a necessidade da separação clara e inequívoca, não entendo a diferença entre o aumentar o drasticamente o grau de exigência de um lado e o radicalmente prático – não tem a prática um elevado grau de exigência???
7. Revalorização das aulas expositivas.
Não estão elas revalorizadas, ou tenho estado demasiado distraída??? É que não encontro muitos colegas que não adoptem aulas que não sejam expositivas…
Eu gosto do equilíbrio. E não gosto da dormência.
8. Não bastará exigir o 9.º ano ou o 12.º ano para poder ingressar em certas profissões. De ora avante, passará a ser exigida uma média mínima. Por exemplo, para ser admitido no sector terciário (escritório, secretaria, banco, finanças, tribunal) será exigida uma média de 14 valores no ensino secundário.
Creio que o actual sistema educativo estará já a tratar disso…valores é coisa que não nos faltará.
9. Exames nacionais em todas as mudanças de ciclo: 4.ª classe, 6.º ano, 9.º ano, 12.º ano.
Embora deteste as “vigilâncias” de exames nacionais não me oponho (falta saber das características desses exames)…mudanças de ciclo sempre devem exigir uma correspondência por parte de quem se propõe iniciar um novo ciclo.
10. Sempre que um aluno revele atitudes de indisciplina na sala de aula, o director de turma fará uma participação ao Encarregado de Educação, o qual será obrigado a pagar à escola uma multa de 10 euros, por danos morais. O dinheiro será utilizado para a compra de material escolar. Quando a indisciplina dos alunos começar a doer nos bolsos dos pais estes ir-se-ão finalmente lembrar que a educação começa em casa e não na escola.
José Ricardo, se a Educação começa na Escola e não em casa é como a questão do ovo e da galinha…Na Escola eu não educo filhos e sim alunos. Em casa não educo uma aluna e sim uma filha.
Pena que a tua proposta só sirva para os alunos que podem dispor de 10 euros cada vez que são indisciplinados. Talvez a “cofidis” abra uma nova linha de crédito. É que temos efectivamente alunos revoltados que quase não vêem a mãe porque trabalha à noite nas limpezas do Hospital, ou na fábrica das carnes, ou numa treta qualquer de emprego que por meia hora não lhe dá o direito ao salário mínimo nacional e lhe dê 300 euros para levar para casa. (este é um exemplo)
Também temos aqueles que estão tão habituados a achar que os professores são uns trastes e não se importam nada de pagar 10 euros só para terem o gozo de insultar um prof. de vez em quando, em vez de os gastar na actualização da sua Wii.
Talvez um dia a Wii faça uma simulação aos possíveis insultos e assim desapareciam a indisciplina na Escola e teríamos uma nova oportunidade de mercado.
11. Os alunos que não revelem qualquer tipo de empenho relativamente ao seu percurso escolar serão obrigados a abandonar a escola visto tornar-se um percurso absolutamente inútil. Tal não significa, porém, que a escola abandone o aluno. Este terá oportunidade de ingressar no mercado de trabalho onde irá ter a possibilidade de manifestar as suas capacidades, sendo acompanhado por um técnico de assistência social que fará a ligação entre a escola e a empresa.
E esse técnico faria o quê exactamente nessa ligação?
12. Os professores serão obrigados, ciclicamente, a regressar a um estabelecimento do ensino superior, a fim de actualizar permanentemente a sua formação científica e não perderem rotinas intelectuais consideradas fundamentais na sua profissão. A formação de um professor é fundamentalmente científica e os professores jamais deverão esquecer tal ideia.
Apoiado!!! Já agora facilitem lá um pouquinho e voltem as sabáticas e equiparações, dava-me um jeitão!
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