...eu era garota ainda e, na "casa do Alentejo" em Lisboa, fui à sala do lado, normalemente é na sala do lado que acontecem as coisas, estava o Carlos Paredes ensaiando a guitarra, figura triste, solitária, envolto em garotada, os dedos fervilhando nas cordas. Eu parada. Ele para lá de gente, para lá do humano, parecia absorto face ao espanto dos meninos que o rodeavam. Como podia alguém tão distante cativar tanto a meninada.
Quando tocou na sala, já principal, já o músico com a plateia prevista, a mesma figura para lá de gente, para lá de humano. A mesma timidez humilde, instrumento do instrumento? nunca soube, não era de conversas, nem ele, nem eu. A música, essa dedilhada, exuberante entrava pela pele dentro sem pedir licenças à timidez.
O cais das colunas é um sítio mágico de Lisboa que muitos sítios mágicos tem. É o Tejo preparando-se para o mar, as gaivotas, os barcos da travessia, a aragem e atmosfera...hipnótico!
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