quarta-feira, fevereiro 06, 2008

não sei que nome dar a isto

Juan Genoves



Magal (1º Prémio de Fotografia)



Pode ser um disparate sim, é de facto um disparate!
O que se passa no ensino em Portugal chateia, claro que chateia!

É uma chazada e uma teia de charadas para analisar, fazer sacrifícios pessoais e profissionais sem qualquer pressuposto de reconhecimento. Aliás, quanto mais falares mais te corroem as intrigas. Afinal quem és tu para vires com coisas e loisas e assim e tal e coiso??? Hum???



Tenho procurado indícios de consciência crítica nos professores que assegurem uma correcta aplicação dos novos despachos, decretos, legislações aplicadas ao também novo Estatuto da Carreira Docente...




Partindo do princípio que o Estatuto tem estatuto, que a Carreira é digna e que a docência é decente pró discente e pró docente e que por fim, o princípio tem princípios…



Começam-me a saturar as críticas à Ministra Maria de Lurdes,é verdade! Não porque ela seja simpática, já provou que não é; não porque ela tenha respeito pelos professores, já provou que não tem; não porque ela encabece uma das reformas mais tortuosas de todos os tempos, já provou o que tinha a provar – o ensino público é para chicotear, pronto!!! Venha lá o ensino privado! É pró menino e prá menina! Ops! Não é essa a ideia??? Peço desculpas pelo juízo precipitado. Pois, o ensino é para todos! Mesmo? Mesmo??? Mas mesmo?????

Ok! Entendi...


O que me chateia mesmo(!) é ver/observar professores e professoras, antes colegas, agora uns e outros. Vejamos: A legislação referente à educação é o que é, sempre foi o que foi, mas não se aplica sem os professores e ademais intervenientes nesta história supostamente educativa.

Aprendamos então com ela…a história: O “MODO” como se aplica é que traz o desenvolvimento da narrativa, certo? Mas o “Modo” como se aplica depende dos e das professores e ademais intervenientes educativos.


É verdade que se estão a criar “condições” especiais de sujeição, repressão e medo, mas esse medo é essencialmente manifestado na “performance” educativa. Assim o que sucede é uma leitura ainda mais repressiva e mais opressiva que a legislada, duvidam??? A legislação é como uma partitura ou uma coreografia que propõe “harmonizar” o sistema de ensino já por si tão diversificado, o modo como se dança é que cria dissonâncias ou consonâncias, senão como teríamos criado um 25 de Abril? Reagindo dentro do sistema, criando novas leituras de registo, participando criticamente na plataforma a que chamamos (nas CEs)“palco”.



É verdade que a coreógrafa não é lá essas coisas, mas tê-lo-á sido David Justino e a outra (Maria do Carmo Seabra, lembram-se?) que lhe precedeu? Então? Temos duas alternativas:


1- Agir em conformidade com o senso comum e tratarmo-nos uns aos outros como néscios;

ou


2 – Procurar uma leitura dignificante onde o bom senso, a preocupação por um ensino que transmite formas de mudar mundos, uma partilha de interesses profissionais de qualidade que facilite o trabalho de todos, o respeito pelos colegas que fazem o possível e muitas vezes o impossível para criar condições de qualidade de ensino, seja efectivamente gratificante e promotora de...tan!tan!tan!tan! SUCESSO!


Ou ainda outras modalidades, ao nosso alcance, mas que teimamos não visualizar com medo dos índices, taxas, níveis de desempenho ou indicadores de "sucesso". Afinal, são palavras apenas que traduzem números, mas esses números só devem suscitar a qualidade do ensino mediante a contextualização das escolas, dos seus alunos e alunas, professores e professoras, Conselhos Executivos, serviços administrativos, pais, pessoal auxiliar e recursos arquitectónicos, materiais, etc.


Senão afinal o que é o sucesso???


Os números reflectem apenas o que se quer evidenciar, para serem fiáveis, enquanto avaliação, têm de ser provados mediante a designação e enquadramento contextual e humanístico, de outro modo, são apenas números, taxas, índices e pouco mais, variando consoante aquele que LÊ os números – não há nada mais aleatório.


Se todos tivessem presente a dignidade dos que trabalham numa escola e, essencialmente, a principal função da educação, uma avaliação, fosse qual fosse (interna, externa, formativa, classificativa, de desempenho ou do que quer que seja) teria somente um sentido humanista dentro de um sistema humanizado e criador de sentidos…para todos.

Afinal a principal (não a única) função da avaliação é auxiliar a criar formas de compreendermos a realidade e podermos, em equipas pedagógicas, melhorar o acesso à investigação do conhecimento e à sua apropriação individual e crítica para produzir...conhecimento actual, seja em que nível de ensino for. Hoje, o medo, não vai para a Ministra, perde-se muito tempo, em uníssono, em “bater no ceguinho” e pouco em discernir sobre o que estamos, neste palco, realmente a produzir…e a culpa não é do técnico das luzes!


Hoje o medo é do colega (ex) que pode detectar as minhas falhas, as minhas inseguranças, por isso utilizo o medo para me assegurar que não me tocam na avaliação! (Estava a brincar…não! Eu não disse isso, onde está escrito? Eu não tenho medo!!! Quem? Medo eu?)



Reafirmo:Procuro indícios de consciência crítica nos professores e nas professoras que interpretem os ECDs (o actual e os que ainda hão-de vir) com a dignidade que merecemos. Casting (afinal isto não é um reality show? Não há já aquela ideia das câmaras de filmar para reduzir a violência? Pois!):


Procuram-se professores e professoras que, independentemente de quem ministra, se preocupem, de facto com os seus alunos e com o que ensinam ou ajudam a aprender…o resto é conversa que cansa e em nada muda a realidade, essa sim, precisa do nosso empenho individual e colectivo…para que palavras como “recrutamento” e “regimento” de conotação tão militarista (retirada à nova ideologia) não façam parte do nosso vocabulário educativo.




Receita
(nós adoramos receitas e prescrições)



-Quer uma grelha? Bem passada ou mal passada? Sai uma grelha!



– Quer uma taxa? Ainda há uma drogaria aqui perto, senão só no hiper-mercado.



– Quer um índice? O Word formata isso num instante. É pra já!



- Um indicador? Pode ser GPS??? Pois, só se for GPS, os outros esgotaram o stok.



("Vire agora à esquerda…abrande, não, não é por aí, no cruzamento vire à sua direita e siga em frente, isso gente para onde vai todo o mundo" - ler com sotaque brasileiro ou formate o aparelho na língua que entender).






Viram como as palavras se desdobram?

Bom, eu avisei que era um disparate, deu-me para aqui.

É que estou a ler Giroux (autor incontornável para a investigação em Ciências da Educação - a ironia) “Para além do espectáculo do Terrorismo – A incerteza Global e o desafio dos novos Media”…uma pessoa precisa de manter a esperança, e este sujeito só sabe dizer mal, é um chato! Nem é politicamente correcto dizer mal, temos que nos consciencializar que tudo está bem, sorrir muito – rir faz bem à saúde!

Preocupações fazem mal à saúde e nós sabemos que a Saúde tem sido uma das principais preocupações do nosso GPS, por isso já não podemos usar tachos de barro, nem rolos da massa (que tanto contribuíram para o nosso imaginário nacional), ou panos de cozinha, etc. só plástico e papel…depois a lei do tabaco, nós não queremos os portugueses doentes, (além disso o ambiente também é uma preocupação), nada disto é à toa, se reduzirmos os serviços de Saúde pública haverá menos doentes, né? Óbvio!

E voltando aos professores, esses não serão “excelentes” se tiverem de faltar por assistência à família, parto, gravidezes, mortes de familiares, etc.



As professoras que se desenrasquem, quem as manda engravidar? “Excelente” só há um!

Uma “escola de sucesso” não pode ter dois professores, ou professoras, excelentes…têm de ir a tira-teimas no ringue da avaliação:




Tira-se o envelope e…voilá: o vencedor é…(suspense)…

“Agradecemos à produção, aos operadores, à regi e principalmente (!) aos telespectadores, a este público fantástico que apoiou, aplaudiu e sofreu pelos nossos concorrentes, é para VÓS (!) a razão de estarmos aqui, o nosso muito obrigado!”

"O vencedor é...o magnífico! O único! O autêntico! o brilhante...x"




(lágrimas de comoção)

Agora a sério: "eles" são uns grandes pândegos, deve dar um gozo bestial ver-nos a fazer exactamente o que "eles" querem e não o que "eles" pedem...

1 comentário:

José Carrancudo disse...

Antes de inventar os estatutos, devia o M.E. corrigir os erros pedagógicos fundamentais que perduram na nossa Escola durante 30 anos.

Em duas palavras: de modo como estamos a tentar ensinar, o cérebro humano não consegue aprender, pois assim ele não funciona.
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