quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Congresso de Granada

aqui deixo impressões e reflexões da Teresa Torres Eça sobre o congresso de educação artística de Granada realizado dias 31 de Janeiro, 1 e 2 de Fevereiro...e de como essas reflexões já correm mundo (Brasil, Argentina...)

"Querida Teresa,
Te felicito y agradezco la síntesis del congreso de Granada.
Me parece percibir los suficientes elementos comunes para seguir trabajando conjuntamente dentro de redibericaedart. Al balance que haces al final de tu texto, yo le añadiría una reflexión sobre el papel de la educación artística en la actualidad; es decir, confrontaría los conceptos de identidad, transversalidad, transformación, etc. con las posibles funciones de la e.a. Ello nos llevaría a cuestionarnos ¿qué conflictos ser derivan de aquellos conceptos a nivel personal y social? y ¿para qué puede servir la e.a. hoy? Seguramente habeis hablado de ello aunque para mí lo más difícil es poder traducir a la acción artística y a la vida real las teorías y viceversa. En fin, gracias.
Lidón

Impressões sobre o congresso de Granada


Adorei ir a este congresso , vi que a teoria e a prática em Educação artística na Espanha se têm desenvolvido imenso nos últimos anos. Observei os frutos do trabalho de centros de investigação e universidades em Girona, Barcelona, Pamplona, Santiago, Granada, Sevilha , Jaen , Valencia.


Senti o grande descontentamento das universidades com as pressões de Bolonha . Um descrédito total , uma desconfiança cega pelas interferências mercantilistas na universidade, uma recusa do clima empresarial que se está a instaurar . Enfim as reacções normais do meio académico por que nós em Portugal também passámos .

Roser Juanola fez uma eloquente resenha da ed. artística em Espanha , juntando os pequenos e pontuais esforços de divulgação e publicação ela traçou um percurso sólido de que se podem orgulhar. Gostei do seu apelo às didácticas artísticas a partir da transversalidade , polivalência, interdisciplinariedade e co-disciplinaridade , gostei da maneira como ela anunciou o ‘de- venir’ com esperança lançando propostas construtivas.

Fernando Hernandez apelou à transformação, desafiou-nos para sermos mais do que professores para sermos educadores que se envolvem politicamente e ideologicamente pela pedagogia da transformação

Teresa Beguiristain falou-nos de questões de género , das mulheres artistas que a história da arte esconde, sem grandes rodeios, com humor e rigor.

A mesa redonda ‘ética ideologia e identidad cultural’ foi fecunda pela diversidade das abordagens ( Imanol Aguirre falando de práticas de resignificação nas artes; Samir Assaleh com uma história de vida cheia de compreensão do outro, Aura Diaz uma venezuelana que nos relembra que nem todos os países reconhecem o valor das suas culturas. Foi também fecunda pela participação do público: perante uma sociedade multicultural que fazer ? como agir ? Samir dizia com respeito, Pilar e outra pessoa falava de direitos humanos, Ana Mae citou Amílcar Cabral dizendo que a o valor vida prevalecia sobre qualquer valor cultural que desrespeitasse o ser humano.

Vi como Arte, educação e comunidade se dão as mãos em actividades sociais de transformação, Javier Abad Molina por exemplo , a universidade de Jaen e os seus projectos com escolas e comunidades , a universidade de Valencia e o seu trabalho com museus e com a escuela 2 . Vi como os professores podem ser corajosos e generosos em Málaga .

De um congresso para o outro fracassamos na sua ligação, no estudo do seu impacto sobre as audiências. Por vezes parece que partimos de cada vez da etapa zero, mas aqui em Granada senti que houve uma evolução entre congressos, que apesar de não se terem publicado conclusões para grandes audiências senti um amadurecimento entre o primeiro ( em Sevilha) e este segundo congresso, senti que se tinham ultrapassado barreiras e que agora as questões estavam mais ‘focadas’, que se sabia melhor como enfrentar os desafios da educação artística e como contribuir de um modo único para o seu desenvolvimento .

Tenho que dar as minhas felicitações ao Francisco Maeso e á sua equipe. Eles mereciam que eu fizesse um resumo melhor do congresso mas não tenho muito tempo agora.

Se tivesse que fazer um balanço do que mais me tocou ficava com esta listagem:

- É preciso apresentar alternativas caminhos a seguir como por exemplo as didácticas comparadas de que falou a Roser e com que trabalha o René Rickerman em Genebra.
- É preciso reformular , requestionar : O que ensinar? como ensinar?
- Que entendemos por artes? Que artes são legitimadas na Ed. artística? Quais as que ficam de fora?
- Temos que misturar o plano conceptual com o plano prático,
- Articular maneiras de trabalhar em grupo
- É preciso mostrar evidência que seja replicável , mas sem ser receituário
- É preciso formar educadores que saibam transgredir, imaginar, educar pelos valores e com as artes .
- É preciso re-pensar o nosso conceito de culturas, trabalhar as identidades que se vão transformando
-Ter mais impacto, mais visibilidade. Mas como chegar ao poder institucional? Criar comunidades educativas , avançar para outros formatos de conexão entre universidades, escolas e comunidades."

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