quinta-feira, dezembro 11, 2008

Andersen mãos de tesoura




Toca, alegremente, o Violino,


Tudo dança! Dou a minha Palavra!


Olha, a Terra gira à volta do Sol,


E a Lua à volta da nossa Terra;


Dançamos todos, uns com os outros,


Até o Coração anseia avançar.


E, se o Vinho sobre à Cabeça,


Temos a Sala, também, a dançar.




Depois dos fósforos colocados na entrada principal da nova Biblioteca Municipal



Niels Fischer aparece
conta histórias, apresenta a exposição que tem levado por várias bibliotecas portuguesas, fala do homem Hans Christian Andersen alto, desajeitado, braços compridos, calçando o número 48 de pés, tesoura nas mãos recortando histórias, algumas simétricas nas assimetrias das vidas e dos mundos...
Niels fala das colaborações do elenco de artistas, uns e outros e umas e outras, pequenos e graúdos, o universo torna-se fantástico dentro dos recortes do metal. Do ovo nasce o pato/cisne (escultura colocada em Faro), dos colchões a ervilha, das histórias que quase já esquecemos tão grandes nos tornámos...honestidade, diz!
"deixem-me ser eu" conta. Autenticidade e coragem num mundo cheio de patos, de palhaço vestido a marioneta de escola, fios colados aos dedos, aos pés, à boca dos silêncios...
Entre a figura e o fundo desdobra a vida a dança. Dança! Niels fala, conta, comunica, faz das horas minutos, das figuras elfos e elfas e árvores e o homem que na asa do cisce se equilibra "que é a expressão máxima do artista" seguido da árvore tronco velho, mas não morto, onde a bailarina amada se distancia, do sol e da lua enarigada, nariz de Hans, braços de Andersen, retorno ao imaginário dos possíveis. A morte.
traduzido nas línguas onde o alfabeto permite a tradução, algumas vezes, "demais" (refere) adulterado, tornado manso, nada ele que se queria autêntico.
momento que repetiria muitas vezes...e foi por acaso. Acendi um fósforo e (es)aqueci o frio.
como é prodigiosa a conversa sábia. que saudades me trouxe do tempo em que desafiava fala e ouvido.
às minhas alunas desejo que tenha sido um momento mágico antes de ficar só eu à conversa com o malabarista.
"voltarás a pintar" disse então: "na autenticidade, na honestidade. Ao artista importa criar, é uma responsabilidade para com o mundo, a festa é efémera, ás vezes no topo, outras chorando, pouco importa, ao artista pouco importa, porque tem de partir a casca do ovo e tornar-se cisne ou pato, nem ser aceite no meio dos patos, nem ser aceite no meio dos cisnes", coisa estranha esta de se ter de nascer de novo.
"Na altura certa" que seja. por via das dúvidas comprei uma dúzia de ovos.
dia 13 no jardim das rosas, na biblioteca, cá.


















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