"Que as divagações têm de ser curtas, todo mundo já sabe. Não fosse isso, ficaria aqui rondando pensamentos só pra filosofar sobre um ano turbinado e sob um ângulo de vista mais aplanado. Mas vou falar em prumo, juro!
Minha vista é embaçada, diagnostiquei ser míope há tempos, mas nunca pretendi usar óculos. Tenho medo de enxergar perfeito quando o desnuque não se vê, sente-se. O que é embalado chega a dar medo.
Soltei num poeminha sem vergonha outro dia (logo abaixo), desses que escapole a língua e fofoca a verdade, que gosto mesmo do que fica dentro e por isso fico mais por fora. Resumindo: gosto de sentir e pra isso é preciso garimpar.
Sentindo...
Não consigo compreender como existem pessoas que dão valor acima de tudo no que diz respeito a estereótipos. Não falo da beleza, porque sou amante de tudo que é lindo. Falo dos valores que essas dão aos objetos (e algumas pessoas, que são praticamente os objetos).
Pessoas que se perdem no contento de utensílios. Que enganam a felicidade a custa de qualquer “vantagem” ou ilusão. Sendo que felicidade só pode vir de dentro - dos sentidos. Aquela sensação plena e consistente. Que enche a caixa torácica de ar e suspende o pulmão pelas narinas e a boca. Sensação de inspiração, transpiração e respiração de monges. De só quando a gente sente bem com nosso eu é possível. Chama-se paz interior.
Sentindo mais...
Mas não, aproximando do natal e fazendo uma comparação alegórica, vejo que muitas pessoas parecem mesmo com árvore de natal, que só enfeita e não tem graça alguma. Precisam ser destaques em colunas sociais, fazer barulho com a estética, se jogar nas pistas de dança e ser felizes por um dia, digamos, por uma noite feliz e suicida. Geração balinha. Colore, faz feliz e só engana. Eu mesma já tomei algumas e sei bem o que rola. (Não tenho mais saco pra viver de enganos).
Sentindo mais e mais...
Percebi neste ano que as pessoas são gente e são agentes corruptos de si mesmos. Cheias de estampas, de cristais, de etiquetas, mas ausentes de sentidos. Os egoísmos perambulam os olhares e registram na testa todo interesse próprio e fajuto.
Sentindo mais, mais e mais...
Sendo míope, tive a oportunidade de sentir o olhar em desfoque e sentir os focos do olhar. Observei - senti - atenta a relação do outro com o outro. Os preceitos utilizados para separar e distinguir nichos de relações, do tipo amigos à parte, negócios ao todo e cordialidade de nada.
Só status, status e status sem estatuto humano pra defender o essencial, a sensibilidade e afins. Agora é possível entender que ser pragmático é mais fácil que ser sensível mesmo. Talvez eu nem concorde tanto ou talvez eu concordo em partes.
O fato correto é que os fatos comprovam qualquer mentira ou omissão. Que os fatos são a lógica das relações. Que os fatos são fatos e pronto.
O fato é que vivi um ano estranho, mas um ano que saltei grandes etapas pra me tornar mais adulta. Tornar adulta é bacana e necessário estar com os olhos bem abertos, pra enxergar! Pra não precisar sentir tanto e se enganar. Pra não sofrer tanto e ver(i)ficar.
Achei uma solução e vou viver em dissolução comigo. Meu exame de vista está marcado. Que venha 2008, estarei de olhos abertos, ocupados e enquadrados. Feliz!"
2 comentários:
Acrescentei você em minha lista no blogue. Beijos nalma pra gaurdar na palma. Poesia sempre!
Obrigado Dani...
afinal qualquer coisa que dizem alguns pode ser ouvida (lida) por muitos...e foram as tuas composições de palavras que me aguçaram os sentidos...e a alma.
Bem Vinda sempre!
Beijos de graça,
Graça
Enviar um comentário