quinta-feira, janeiro 17, 2008

COORDEN-ACÇÃO/CORAÇÃO especial Mila do Brasil

"Olha gente, que beleza saber que há uma tribo nossa, aí espalhada pelo planeta , que nos anima a arriscar e arriscar, enveradar atalhos ainda não trilhados ou pouco trilhados, em busca de um sentido para a nossa prática. Estou gostando mais e mais dessa conversa que me alimenta a minha sensação de pertencimento. Tenho focalizado o chacra do coração como ponto de partida de todo o trabalho, aprendendo, mais que ensinando, a encontrar dentro de mim mesma e dos meus alunos aquele campo da alma, reino do selvagem, não no sentido pejorativo da brutalidade, mas do natural, o espaço privilegiado em que as arapucas da civilização ainda não foram armadas. Muito mais que currículo, que conteúdos, programas e todos esses "salamaleicos" de capturar jovens e selvagens corações, a escola pode se transformar num tempo-espaço de grandes empreendimentos do self. Abordar assim o conhecimento acumulado pela tão sofrida humanidade é que lhe restaura a dignidade de que tanto necessita agora e sempre.

Vejo isso com clereza, quando passo pelos corredores da escola e alí, entre paredes, vejo instalada a exploração oficial e institucionalizada do prazer e da dor de sermos o que somos. Mestres e jovens numa luta inglória de destruição mútua, dia após dia. A vida é assim? O mundo? Eu?

Não. Há um plano que pode ser posto em andamento. Jogar areia nos buracos, brechas dessa escola aparentemente tão sólida, exatamente aproveitando todas as suas distrações e falhas de controle. Elas são muitas, é só prestar atenção. É o que tenho feito. Passo meu tempo de coordenação, observando o campo e escolhendo aonde posso minar esse esquema tão pretencioso de conter o fluxo da vida.

Estou enviando em anexo uma reflexão que fiz numa disciplina da pós- graduação, Educação Ambiental. O que vocês acham disso?

Abraços para a tribo

Lila"

Em 16 de Março de 2002 para a Rede Ibérica de Educação Artística
e começa assim:

"Escola, pra quê te quero?

Lila Rosa Sardinha Ferro


Era uma vez uma caverna cheia de alunos e professores sob controle.
Dali não podíamos sair.

Acorrentados, todos nós sabíamos do mundo pelos combogós.
Um dia uma turma saiu para ter aula no jardim.

A tarde estava linda. O sol recortado em raios, espalhava-se pela árvores e pelo chão.

E o ar?

Tão pura brisa nos acariciava!

Os caminhos de rato estavam cheios de novidades, se observássemos a velha natureza.

O espaço nos parecia quase infinito.

Dispersão, mudanças de assunto....

A aula foi uma beleza.

Combinamos voltar.
A notícia se espalhou nos corredores da caverna.

O ambiente foi tomado pela admiração, pelo medo, descrença...

Conflitos estabeleceram-se entre jardins e salas de aula.

Leis balançavam nas gavetas...
Obrigada Platão, o seu mito continua vivo."

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