Vejo isso com clereza, quando passo pelos corredores da escola e alí, entre paredes, vejo instalada a exploração oficial e institucionalizada do prazer e da dor de sermos o que somos. Mestres e jovens numa luta inglória de destruição mútua, dia após dia. A vida é assim? O mundo? Eu?
Não. Há um plano que pode ser posto em andamento. Jogar areia nos buracos, brechas dessa escola aparentemente tão sólida, exatamente aproveitando todas as suas distrações e falhas de controle. Elas são muitas, é só prestar atenção. É o que tenho feito. Passo meu tempo de coordenação, observando o campo e escolhendo aonde posso minar esse esquema tão pretencioso de conter o fluxo da vida.
Estou enviando em anexo uma reflexão que fiz numa disciplina da pós- graduação, Educação Ambiental. O que vocês acham disso?
Abraços para a tribo
Lila"
Em 16 de Março de 2002 para a Rede Ibérica de Educação Artística
e começa assim:
"Escola, pra quê te quero?
Lila Rosa Sardinha Ferro
Era uma vez uma caverna cheia de alunos e professores sob controle.
Dali não podíamos sair.
Acorrentados, todos nós sabíamos do mundo pelos combogós.
Um dia uma turma saiu para ter aula no jardim.
A tarde estava linda. O sol recortado em raios, espalhava-se pela árvores e pelo chão.
E o ar?
Tão pura brisa nos acariciava!
Os caminhos de rato estavam cheios de novidades, se observássemos a velha natureza.
O espaço nos parecia quase infinito.
Dispersão, mudanças de assunto....
A aula foi uma beleza.
Combinamos voltar.
A notícia se espalhou nos corredores da caverna.
O ambiente foi tomado pela admiração, pelo medo, descrença...
Conflitos estabeleceram-se entre jardins e salas de aula.
Leis balançavam nas gavetas...
Obrigada Platão, o seu mito continua vivo."
Sem comentários:
Enviar um comentário