segunda-feira, setembro 18, 2006

Projéteis de Arte Contemporânea FUNARTE - Brasil

4 comentários:

zemanel disse...

Vale a pena a Internet, para podermos desfrutar um pouquinho...
Um desafio: Porque não um centro de artes contemporâneas em Torres Novas? Valeria a pena o projecto?
Um abraço
José M Pereira

graça martins disse...

Olá zemanel, obrigado vela visita. A minha opinião relativamente à questão sobre a pertinência de um centro de arte contemporânea em TN parece-me interessante. Afinal temos a área das Artes Visuais nas escolas secundárias, temos o Instituto Politécnico de Tomar com a área de Artes Plásticas - Pintura, fotografia, gráficas, restauro...aqui tão perto e com menos acessibilidade a nível nacional que Torres Novas, mas...
eu já me contentaria com a disponibilidade da autarquia para entender (!) o significado cultural que o acesso à informação actualizada das artes pode gerar em termos de personalidade, identidade, maturidade cultural, actualização de informação (estão a acontecer imensas novidades nesta área e de interesse bastante relevante, quer ao nível da diversidade, biodiversidade, mundialização, sociedades comunicantes, ecologia versus entulho versus reciclagem, ficção, corporalidade, multiculturalidade, linguagens múltiplas, etc, etc, etc para não falar da cultura visual que nos cerca e que a ilitracia visual permite sermos receptores passivos e acríticos de tudo o que nos entra pela retina sem desmontagem narrativa, sem desconstrução. Essa ilatracia tem sido um veículo de excelência para a linguagem do poder explorar as mentes menos informadas e mesmo as mais informadas facilmente são manipuláveis pois a imagem é um poderoso dispositivo.

São várias as questões que se relacionam com a arte contemporânea e TN, embora esteja no centro de Portugal, da A1 e da A23, está longe de entender a pertinência, a urgência, a necessidade de ser mais cultural. Tenho esperanças no Teatro Virginia e na próxima biblioteca, quem sabe que, de tão grande (para aquele espaço), não encontram uma possibilidade de criar esse projecto, arrojado, dinâmico, essencial!
Um abraço,
Graça

PS: Os alunos de Artes reflectem seriamente a inexistência de um conhecimento mais aprofundado da área que escolheram, precisamente pela interioridade à qual TN não está a conseguir responder (Castelo Branco, Aveiro, Maia, Lagos, etc. têm respondido com iniciativas estruturadas e pensadas globalmente o que tem dinamizado bastante estas regiões).

graça martins disse...

Olá zemanel, obrigado vela visita. A minha opinião relativamente à questão sobre a pertinência de um centro de arte contemporânea em TN parece-me interessante. Afinal temos a área das Artes Visuais nas escolas secundárias, temos o Instituto Politécnico de Tomar com a área de Artes Plásticas - Pintura, fotografia, gráficas, restauro...aqui tão perto e com menos acessibilidade a nível nacional que Torres Novas, mas...
eu já me contentaria com a disponibilidade da autarquia para entender (!) o significado cultural que o acesso à informação actualizada das artes pode gerar em termos de personalidade, identidade, maturidade cultural, actualização de informação (estão a acontecer imensas novidades nesta área e de interesse bastante relevante, quer ao nível da diversidade, biodiversidade, mundialização, sociedades comunicantes, ecologia versus entulho versus reciclagem, ficção, corporalidade, multiculturalidade, linguagens múltiplas, etc, etc, etc para não falar da cultura visual que nos cerca e que a ilitracia visual permite sermos receptores passivos e acríticos de tudo o que nos entra pela retina sem desmontagem narrativa, sem desconstrução. Essa ilatracia tem sido um veículo de excelência para a linguagem do poder explorar as mentes menos informadas e mesmo as mais informadas facilmente são manipuláveis pois a imagem é um poderoso dispositivo.

São várias as questões que se relacionam com a arte contemporânea e TN, embora esteja no centro de Portugal, da A1 e da A23, está longe de entender a pertinência, a urgência, a necessidade de ser mais cultural. Tenho esperanças no Teatro Virginia e na próxima biblioteca, quem sabe que, de tão grande (para aquele espaço), não encontram uma possibilidade de criar esse projecto, arrojado, dinâmico, essencial!
Um abraço,
Graça

PS: Os alunos de Artes reflectem seriamente a inexistência de um conhecimento mais aprofundado da área que escolheram, precisamente pela interioridade à qual TN não está a conseguir responder (Castelo Branco, Aveiro, Maia, Lagos, etc. têm respondido com iniciativas estruturadas e pensadas globalmente o que tem dinamizado bastante estas regiões).

graça martins disse...

Zémanel, alcaide torrejano e Helena!!!

agradeço a vossa atenção...mais uma vez.

É sempre agradável visitas interventivas.

Na verdade tinha mais para dizer mas, ao contrário do que venho a apregoar, é escasso...o tempo.

Aproveito para referir que em Junho do ano passado escrevi um artigo para o "Torrejano" que, de certo modo, acrescenta o que me faltou dizer no post. A verdade é que verifico, ano após ano, que os meus ex-alunos, após concluírem estudos artísticos nas mais diversas áreas (arquitectura, design de moda, design de equipamento, educação, pintura, escultura, história de arte, etc.) não encontram em Torres Novas alternativas, apoio à iniciativa individual, criação de estruturas de apoio à criatividade nas diversas empresas da região (a exemplo e itália e espanha cujas empresas organizam encontros internacionais de jovens criadores) e tal e tal e tal...eu não pediria tanto.

Explico: Torres Novas tem, no centro histórico (por enquanto e por pouco tempo), a meu ver, o melhor centro de arte contemporânea. Poderia ser uma ironia não é? É uma ironia!
Na verdade acredito que nos corações das cidades com história como Torres Novas, o seu pulsar está nas casas antigas recuperadas (património) para albergar iniciativas culturais (empreedorismo) que acrescentem uma mais valia ao espaço urbano (turismo) relativamente à promoção de propostas de artistas, criadores, músicos, fotógrafos, performers, actores, escritores...(cultura)...imagine o impacto! Mais jovens na cidade com possibilidades de empregabilidade (emprego), dinâmicas de mentalidade crescente, actualizada, possibilidade de trazer à cidade um ambiente de qualidade onde apetece viver, conviver, encontrar gente, partilhar opiniões, ser gente...que sente.

Deixo um pedaço do texto do Torrejano (que tinha a ver com Léon e o seu Museu de Arte Contemporânea que não prescinde do coração da cidade para albergar trabalhos de criadores), onde talvez me explique melhor:

(...)A artista portuguesa Joana Vasconcelos encontra-se entre os 54 artistas, que dão significado às principais “emergências” de um tempo presente, reflectindo sobre a discriminação, a desigualdade, o meio ambiente, os conflitos políticos, o diálogo espacial, a emigração, a alienação do homem ou as novas estruturas sociais.

O MUSAC insiste em alterar, em oferecer linhas de experimentação (publicações, modos de difusão, promoção de gestores, novos artistas, etc.).

Este é um exemplo, de onde se podem tirar diversas ilações, lições e sabedorias:

·Preparação antecipada (3 anos) de um espaço de cultura, filosofia de actividade, programação, ideologia do projecto, etc. por uma equipa que pensa por antecipação as premissas em que desenvolverão os trabalhos;

·Fazer de León um local de visita obrigatória de historiadores, artistas, comissários, investigadores, pessoas comuns interessadas, interessantes, criativos, estudantes, turistas, etc...);

·Promover um espaço de reflexão sobre a própria cidade, inserida num contexto global, universal, contemporâneo;

·Criar um espaço de diálogo com o mundo e para o mundo, sobre o mundo;


Outros exemplos mais próximos: A cidade de Coruche, com a sua segunda edição da Bienal de Artes Plásticas. Uma cidade de interior, mais que interior, que nos obriga ao deslocamento para ir ver/usufruir/consumir cultura nacional, com a participação de artistas de todo o país; A Galeria Municipal de Abrantes, com uma arquitectura contemporânea e, a um mesmo tempo, preservadora da traça original da urbanização histórica da cidade, situada no largo da Câmara Municipal, localizada no núcleo do centro histórico da cidade, marca pela ousadia, pluridiversidade de projectos artísticos actuais, contemporâneos, regionais. Marca pela filosofia de projecto de divulgação, intervenção e impulsionadora cultural; O boletim municipal da Câmara de Tomar, graficamente estimulante, mensalmente informativo das actividades culturais do município. Além das iniciativas como os ciclos de cinema alternativo, ciclos de música jazz, etc.; A livraria “Arquivo” em Leiria, espaço de leitura, Arte, ciclos de debate com músicos, escritores, artistas, espaço de estudo, espaço de estar a tomar um café ou a deliciar iguarias caseiras, ao mesmo tempo que se lê o que de melhor se faz em Portugal (revistas como a “Egoísta” por exemplo), se pode estar e se aprende; A livraria “Ler devagar”, outro espaço fazedor de cultura, localizado no Bairro Alto ao Príncipe Real; A Galeria Santa Clara em Coimbra, onde a Arte é um pretexto para o diálogo, para ouvir de perto música, para dialogar sobre temáticas actuais, para encontrar gente que se interessa e que é interessante...etc.,etc.,etc., tudo espaços periféricos, tudo espaços onde se ousa ser diferente, transgredir a corrente dominante de anemia cultural e social, de promoção de um tão desejado acefalismo público. Onde se vai...de propósito! Porque sim!


Façamos agora a comparação: Torres Novas! Centro histórico! Museu Municipal! Biblioteca Municipal!...

A asfixia gradual do centro histórico, a mumificação do Museu, a completa insensibilidade à promoção de factores de actualização cultural nacional e internacional, fazem da cidade, um espaço de acesso directo, facilitado, geograficamente estratégico, culturalmente árido!

Que equipa temos a pensar nas premissas para a nova Biblioteca Municipal, para o teatro Virgínia? Que equipa temos a pensar seriamente nas possibilidades de auxiliar os comerciantes, localizados no centro histórico da cidade, a criarem actualizações alternativas de sobrevivência, cativantes, sedutoras? (veja-se o exemplo do Bairro Alto em Lisboa/Porto e os locais predilectos de Espanha que são as zonas antigas, onde proliferam bares, galerias, lojas de estilistas, de designers, de música, espaços para internautas, estudantes, locais repletos de informação sobre as actividades culturais da cidade, folhetos informativos, postais, revistas, cartazes a indicarem exposições...).


Torres Novas estende os braços, mas sofre de doença coronária, pior...perde a alma.”

5 de Junho de 2005.


Não sou pessimista. O Virginia já foi um passo de gigante e onde me sinto encantada e privilegiada por ter acesso a eventos que de outro modo me obrigariam a ter mais tempo e disponibilidade...mas o que eu tenho vindo a dizer é que o centro histórico pode "dar" emprego aos jovens criadores (e já são muitos e bons) desta cidade. Tenho pena de não ver aproveitado o talento de alguns dos meus ex-alunos, a pertinência, inteligência cuidada e a sabedoria com que uma Helena Cabeleira me surpreendeu, entre outros que posso ir nomeando.

Abraços e desculpem uma resposta tão extensa.
Graça Martins

Já agora o endereço do Índigo é:
http://indigo-gm.blogspot.com/