quarta-feira, janeiro 20, 2010




img: Gabriel Pacheco


'Lentamente, a noite fixa no seu lugar, nos objectos, nas casas, no céu, e o dia a envolvê-la como uma capa de luz cinzenta. Esta manhã lunar. Esta manhã que é uma manhã e que é ainda a noite. A lua neste céu branco. Pouso as pálpebras sobre os olhos. Vapor, nevoeiro. Os teus olhos eram um caminho. Os teus cabelos eram talvez um horizonte. Não sei como acreditámos que as palavras eram simples. Sonhávamos e enganámo-nos. Sorrindo, mergulhávamos os lábios no veneno quando pensámos que bebíamos o antídoto.'

José Luís Peixoto in Lunar, Antídoto

Sem comentários: