domingo, janeiro 10, 2010

de tirar o casaco

...beber um chá de frutos vermelhos e aquecer no sol de inverno a existência...








a casa de "férias" não tem vista para o mar, está virada a norte onde a Serra de Monchique se esconde por detrás dos prédios suburbanos e de impiedosas construções. Mas o mar sussurra perto e isso me basta.

ontem li o jornal "Público" na esplanada da praia, enquanto o sol convocava a caminhadas na areia. Como estou de férias, pelo menos por quatro anos, li os três temas fundamentais e estruturantes do folhetim, sem qualquer sentimento nostálgico, emocionado ou tranquilizador, sobre o acordo entre Sindicatos dos Professores e Ministério da Educação, sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo e sobre o combate à pobreza.

- sobre o primeiro tema, faz muito tempo que não me ocorre qualquer emoção ou comoção. As escolas portuguesas estão tão devassadas por uma crescente ignorância sobre o sentido de si próprias, que só acredito numa transformação possível de dentro para fora. Ora, como isso não irá suceder tão breve, fui verificar a minha posição nos índices remuneratórios, até porque a minha mudança necessita de capacidade financeira de lés a lés e a sobrevivência tem as suas exigências.

Como tinha sido já informada pelos serviços administrativos da agora, minha escola, não pertenço a nenhum patamar na nova estrutura da carreira docente. Estando no 9º escalão e não ter sido titular - por ter sido convidada a leccionar no Ensino superior politécnico, ter dado aulas de mestrado e seminários e congressos e tudo e consequentemente não ter tido cargos no ensino secundário tipo directora de turma, ou directora de instalações, ou directora de qualquer coisa, etc. e porque, de qualquer modo, seria contra a fragmentação em categorias dos professores, mesmo sendo a favor de uma avaliação da carreira necessária, desejável e nunca no formato com que esta foi criada – verifiquei a incrédula e fascinante realidade: NÂO EXISTO! Depois de mais de 21 anos de serviço e muita inquieta capacidade de me recriar em lugares tão distintos entre a capital e as províncias do centro e agora do sul deste Portugal. Tal como tinha sido informada: Não consto na lista, não tenho categoria. Ufa! Estou safa! Pensei. Por pouco quase tinha categoria. Assim, não tendo categoria nenhuma, posso fazer o meu trabalho, que tanto admiro e gosto, tal como acredito que deva criá-lo…sem pertencer à fascinante categoria e categorização dos professores, pessoas que muito admiro e respeito. Melhor ter carácter que categoria...pensei e entre um e outra prefiro o primeiro.

sobre o segundo, verifiquei que Pacheco Pereira separa os homosexuais das "lémicas" (estava escrito assim), não entendi porque razão separatista o faria. Não serão as "lémicas" do PP homosexuais? Pensei. Terá o PP algo contra a palavra "gay" uma vez que para os homens, em português, o termo será maricas, o que não é lá muito abonatório para o reportório macho-latino. Seria pela tendência das ciências sociais mais humanistas de separar os homens do mesmo sexo das mulheres do mesmo sexo? (tive de me sorrir a escrever isto) e não englobar ambos os sexos na palavra “homossexuais”…talvez seja apenas ignorância minha pensei…por mim, tanto se me dá na realidade e passei adiante.


olhei para o mar tão tranquilo depois das tempestades o terem revolto. Tanto fazia que fosse assim ou assado…cada vez me demito mais de pensar ou sentir sobre as prosaicas quotidianidades deste país. Há tanta sabedoria à minha volta, porque o faria?

No terceiro momento do jornal vinha a pobreza e as estratégias de combate implicadas. Só um país de tamanha pobreza e tão pouca nobreza assume um combate tamanho. Na maioria mulheres sozinhas a lutar pela educação dos filhos...enfim voltava à primeira tranche do jornal...educação. Li os relatos, as dificuldades, os sonhos. Sem palavras.






Ri ainda com o cartoon do Luis Afonso e lembrei-me da figura tranquila e reguila com que o vi quando fui, com os meus alunos, à Biblioteca Municipal de Torres Novas.







Por fim, fiquei-me absorta na contra-capa da revista "fugas" que refere a respeito do filme "Il Divo" prémio do Júri de Cannes:












"O poder só desgasta aqueles que não o têm." Giullio Andreotti












de facto!









...e respirei o tranquilo ar do mediterrâneo.

3 comentários:

a.mar disse...

Está tanto frio aqui em Torres Novas. Nevou ali em Fátima de madrugada.
De vestir mais dois casacos

Anónimo disse...

Olá sua sortuda...
De férias 4 anos, com solinho de Inverno a aquecer os ossos, chá e esplanadas, casa com vista para o mar... e ainda dizes que não tens categoria...
Não existe. Bjs e bom ano(de férias). Saudades. Teresa

graça martins disse...

olá minha linda Teresa, não tenho casa com vista para o mar:-( e´de férias tenho muito pouco.:-(..foi brincadeirinha minha.
espero que estejas bem lá nas Coimbras,
beijocas,
g