Uma sublime caminhada tardia no passadiço de madeira à ida e contra um sol poente à vinda. Chegar ao limite do paredão junto ao farolim, sentir as entranhas do mar. Não me recordar nem poema, nem imagem, nem música semelhante ao lugar e ao momento. Eu, uma brisa e uma espécie de navegação irreal. Depois o sol a desfazer-se no espelho de sal e a areia molhada numa praia quase deserta com gaivotas a voar aos círculos como se também eu pudesse fazer parte dessa dança. Convite. Passos inseguros ainda, pura magia caminhar no movimento das coisas incertas. Surfistas da tarde. Esquecer as nódoas negras da mudança e os braços doridos de carregar caixotes e malas e vida. Pergunto como pude deixar passar tanto tempo sem fins de tarde assim a troco de um computador fiel, às vezes virulento, à frente do nariz. Não levei máquina. Impossível capturar o aroma. Valiosas coisas de graça.
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