terça-feira, junho 12, 2007

Morreu o Reis - VIVA O KEIL!!!


Imagem tirada da net.

Morreu o Reis - VIVA O KEIL!!!

Sinceramente não gosto de ter pensamentos soturnos sobre os "eventos culturais" da cidade. Aliás, tive uma ligação com o Museu Carlos Reis que me deixa agradecida pela possibilidade de ir expondo o meu trabalho, por diversas vezes, neste espaço.

Recordo as noites de concertos no anfiteatro exterior do Museu, por alturas das festas da cidade…foi bonito.

Com pesar, vejo um Museu escurecido, vestido de negro e sem qualquer programação que alimente espíritos mais irrequietos.

Nas comemorações dos 70 anos, nos discursos proferidos, foi confirmada a falta de interesse pelo público pelo espaço…óbvio.

A programação é de uma pobreza constrangedora, o espaço confinado a exposições perpétuas que não arquitectam qualquer motivo de observação e análise crítica sobre o exposto.

Os discursos das especialistas que apresentam o espólio, mais não fazem que aumentar a sensação de paralisia cerebral e emocional.

O que aqui refiro não é novidade. Museus que albergam espólios históricos têm de criar espaços de leitura crítica, movimentos cénicos, alternativas visuais, possibilidades de interpretação individual e colectiva, espaços de indagação, interacção, criação de produtos artísticos relativos aos temas e realizados por criadores, sinergias culturais para todos os públicos. Inclusive podem e devem criar soluções actuais de apropriação das mensagens expostas, relatos, seminários, enfim, tornar o espaço um lugar aprazível, de bom gosto - ou de gosto bom onde apeteça estar, ir, acontecer, vivenciar e participar. Só assim se cria uma identidade com a população. Não se pode culpar a população quando foi o Museu que se fechou à comunidade.

As comemorações revelaram esta letargia, este vácuo. Tirando os discursos do muito que se vai fazer – a tal cidade criativa – e a visita guiada…uma tarde perdida num túmulo é sempre um regozijo.

Agradeço o convite, mais uma vez, aos responsáveis.
Lá estive a assistir ao velório, como uma cidadã responsável…o que quer dizer que não fui bem comportada e disse o que penso…porque para se ser responsável é não ser mudo e quedo, como muito convenientemente deveria eventualmente ser.
Felizmente ainda me restam "Dez Reis" de esperança…às vezes.

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