domingo, março 15, 2009

almas perdidas


"Above everything else I would like to see our schcools taffed by man and women who have poetry in treir souls"


Sybil Marshall in "Adventure in creative Education" (1968)


já aqui tinha citado em 2006 esta passagem de SM, mas relembrei ao ver

"Coaching para professores", o livro de Juan Pérez, saltou-me à vista.


É extraordinário que, academicamente e cientificamente nos tenham de vir dizer as técnicas, devidamente experimentadas empiricamente, que mais eficazes são para não nos tornarmos “almas perdidas” em corredores de escolas.

Em tempos de “crise” crescem, como papoilas no campo, os produtos e receituários prescritivos para nos remeterem ao óbvio da existência, “O segredo” para alcançar as simpatias do Universo.

Com todo o respeito pelo que JP defende, sinto cada vez mais que nos escapa a capacidade de entender, definitivamente, que a Vida é toda ela apenas um instante. A questão é: como queremos beber esse instante.

Quando as estratégias de sobrevivência se tornam a chave para a possibilidade de existir, efectivamente teremos que nos questionar…ou comprar o livro...

Nos circuitos empresariais (alguns) faz algum tempo que já se compreendeu que o trabalhador feliz trabalha com alma. Por isso organizam saídas de canoagem, contratam empresas de outdoor e indoor, enfim...procurando que o convívio se traduza em produção talvez, mas permitindo que as pessoas se sintam pessoas, mesmo que, de quando em vez - faz parte das documentadas técnicas empresariais:
acesse à sua felicidade em três passos!

A Escola está a apagar esse lugar, essa compreensão, por isso esperem, porque estão em crescendo, os vídeos, palestras, relatos, livros e documentários, explicando que é preciso ser-se feliz para se ser bom profissional e quais os passos que devemos desenvolver, dentro de nós próprios para sermos mais felizes, agora mais ainda na Educação.

Talvez porque os professores cada vez se esqueçam mais que ser-se um dia de sol é mais importante na vida que descascar vidas alheias.

Podemos perder horas discutindo os problemas do aluno x cujo comportamento insuportável é causa e efeito das insuportáveis vidas que leva, preencher a papelada adequada para notificar a situação
, organizar o respectivo dossier e depois irmos fartos para casa recomeçar nova empreitada no computador pessoal a descrever em acta as observações feitas a propósito…e nada é mais despropositado…quem no seu perfeito juízo faria uma coisa destas?
Com o campo aqui tão perto?
Com o sol ainda de graça, com um rio que se junta ao outro sem querer saber porquê, apenas porque é essa a viagem...

Claro que uma cházada depois da reunião e rir um pouco das traquinisses que ainda nos permitimos fazer, alteraria o diagnóstico psicótico do "aluno x problema", ou do "colega x problema". Seríamos talvez mais capazes de ver a situação com óculos de sol e não com lentes para a míopia ou para a distopia e, quem sabe, conseguir sentir que podemos ser e fazer diferente - a diferença.

...mas eu vou ficando cega...


Obviamente parte de cada um a decisão de ser-se pessoa. Mas obrigado aos JPs que nos alertam para essa óbvia tarefa.
entretanto vou beber chá para que não mo falte...



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