segunda-feira, julho 16, 2007

Carvalho da Silva




Manuel Carvalho da Silva defendeu a tese de doutoramento

«A centralidade do Trabalho e Acção Colectiva - o sindicalismo em tempo de globalização»

no ISCTE na passada sexta feira 13, num auditório que se revelou pequeno para acolher uma audiência caracterizada pela diversidade. Artistas (Vitorino e Carlos do Carmo), políticos de diversos quadrantes, jornalisas, padres, católicos, sindicalistas, economistas, figuras públicas e figuras menos públicas, amigos e o filho mais velho sentado ao lado de Mário Soares na primeira fila. Muita gente não coube no auditório tendo que permanecer de pé junto às portas de saida, outros sentados nas escadas da sala e o tempo de defesa alargou-se mais que o previamente previsto.

Mais tarde comentarei o que senti e aprendi, por agora ficam outros registos:


"Louvor, distinção e unanimidade para Carvalho da Silva

Carvalho da Silva defende trabalho como suporte dos direitos
O secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, defendeu esta sexta-feira que o trabalho é o suporte dos direitos sociais e, como tal, se se fragilizar a sua centralidade e valorização, perde-se a estabilidade do Estado social.

Carvalho da Silva, que defendia a sua tese de doutoramento em sociologia no ISCTE, referiu que o seu trabalho de cerca de 500 páginas demonstra que, na História, o trabalho anda sempre em paralelo com o Estado Social.

«O suporte dos direitos sociais é o trabalho», disse o sindicalista que explicou ao juri, ao longo de quase quatro horas, a forma como desenvolveu a sua tese e os resultados que obteve.

Explicou que consultou milhares de documentos, usou autores nacionais e estrangeiros, recorreu a trabalhos e documentos da Organização Internacional do Trabalho, fez milhares de questionários e entrevistas e fez a analise de casos concretos em vários grupos empresariais.

Admitiu que aproveitou a sua experiência de vida enquanto sindicalista.

Foi «um vaivém dialéctivo entre teoria e pesquisa», disse, acrescentando que desenvolveu um modelo de análise que procura assegurar visibilidade à acção colectiva, numa altura em que o individualismo está institucionalizado.

Na sua tese, Carvalho da Silva fez também uma análise dos mais de 30 anos de vida sindical da CGTP e desenvolveu uma perspectiva do que é o sindicalismo europeu e o sindicalismo mundial.

A regulamentação do trabalho, as relações laborais e a contratação colectiva (enquanto factor potenciador do trabalho mas também de democracia) são outras das matérias abordadas por Carvalho da Silva, que defendeu o movimento sindical como factor transformador da sociedade.

«A democracia enfraquece sem um sindicalismo reinvidicativo», disse ao juri.
Os desafios levantados pelo conceito de flexigurança não foram esquecidos pelo sindicalista/sociólogo que defendeu a necessidade de ser feita uma reflexão sobre o tema com os trabalhadores.

O juri que apreciou a tese de Carvalho da Silvam, presidido pelo presidente do ISCTE, Luis Reto, não poupou elogios ao trabalho feito mas também não lhe poupou perguntas, o que levou a apresentação a prolongar-se por mais quase uma hora para além das três que estavam estabelecidas.

Os orientadores da tese, António Firmino da Costa (professor do ISCTE) e Manuel Carlos Silva (da Universidade do Minho)também eleogiaram o trabalho apresentado por Carvalho da Silva, considerando-o como um contributo para a comunidade cientifica e para o enriquecimento de todos.

Os professores do juri fizeram questão de salientar a enorme a assistência que presenciou o debate académico, que fez com o auditório do ISCTE (com capacidade para cerca de 200 pessoas) fosse pequeno para albergar todos.

Personalidades como o constitucionalista Vital Moreira tiveram de assistir sentados nas escadas e outros ficaram à porta.

O ex-presidente Mário Soares, o ex-ministro Silva Peneda, os deputados do bloco de Esquerda Miguel Portas e Mariana Aiveca, Maria de Belém Roseira (PS), Luis Pais Antunes (PSD), o ex-ministro Paulo Pedroso, foram algumas das figuras politicas presentes.
Estiveram também Alfredo Bruto da Costa, o padre Vitor Melicias, o ex-sindicalista e autarca José Luis Judas, o professor de Direito do Trabalho José João Abrantes e os representantes patronais João Machado e João Salgueiro.

A plateia encheu-se também com inúmeros jornalistas e sindicalistas e por alguns artistas, nomedamente os cantores Carlos do Carmo, Vitorino e Janita Salomé.

A tese de doutoramento de Carvalho da Silva, com o titulo «A centralidade do Trabalho e Acção Colectiva» teve a nota máxima."
Diário Digital / Lusa


O dia em que o sindicalista se tornou doutor com "distinção e louvor"
João Manuel Rocha


Líder da CGTP foi aprovado com nota máxima, atribuída por unanimidade pelo júri da prova que ontem prestou no ISCTE, em Lisboa.
Duzentas pessoas encheram a sala.
"A democracia enfraquece-se inevitavelmente sem um sindicalismo reivindicativo."
A frase condensa o essencial do pensamento desenvolvido ontem à tarde pelo líder sindical Carvalho da Silva nas provas de doutoramento que lhe valeram a aprovação com nota máxima, "distinção e louvor", atribuída por decisão unânime.O anúncio da decisão dos sete membros do júri, coroado com uma salva de prolongadas palmas da assistência que encheu o auditório do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), em Lisboa, culminou três horas e quarenta e cinco minutos de prova, ao longo dos quais o sindicalista, na pele de candidato a doutor, expôs a sua tese, foi interpelado pelos membros do júri - que misturaram questões com elogios - e procurou responder às observações dos académicos."Não tenho experiência, mas foi um bocado exigente", comentou no final aos jornalistas o filho de pequenos agricultores do concelho de Barcelos que, há 21 anos, deixou o emprego como planificador de trabalho na Electromecânica Portuguesa Preh, na Trofa, para liderar a maior central sindical portuguesa.
Intitulada Centralidade do Trabalho e Acção Colectiva: sindicalismo em tempo de globalização, a tese de doutoramento de Carvalho da Silva, 58 anos, prossegue um trajecto académico iniciado em meados dos anos 90, quando fez exame ad hoc para frequentar a licenciatura em Sociologia.Na tarde de ontem, o sindicalista vestiu a pele de "candidato" que teve de argumentar a partir de "premissas metodológicas", num "constante vaivém dialéctico entre teoria e empiria em todas as fases de pesquisa", assente em questionários, conversas intencionais e entrevistas. Um trabalho de cerca de 500 páginas, inspirado numa concepção "marxista, mas complementada com outros autores e correntes", como referiu uma das arguentes, Illona Kovacs."Não vejo que seja possível uma reconstrução do Estado social centrada no individualismo. Não teríamos chegado ao Estado social se não tivéssemos uma centralidade do trabalho", disse Carvalho da Silva, que alertou para os riscos sociais "de se fragilizarem ou quebrarem os compromissos entre capital e trabalho". "Há um papel extraordinário dos sindicatos na construção da Europa social, mas eles [sindicatos] têm que tomar cuidados", afirmou, referindo o risco de se deixarem "engajar demasiado no discurso oficial" e a necessidade de serem acutilantes e anteciparem questões.O entusiasmo e as provocações dos membros do júri, bastante elogiosos, fizeram com que, em alguns momentos, fosse difícil distinguir entre o líder sindical e o candidato a doutor. "Estamos numa espiral de regressiva, está sempre a aparecer um mercado de trabalho mais desprotegido", afirmou a dado passo. Uma das questões recorrentes do júri foi sobre os papéis de sindicalista e investigador. "Onde termina o dirigente sindical e começa o sociólogo?", perguntou João Ferreira de Almeida. "São dois campos distintos, mas não em choque", respondeu Carvalho da Silva. Elísio Estanque, outro dos arguentes - que disse estar em presença da "reconversão do activista conhecido no analista e sociólogo" -, quis saber os porquês da não adesão da CGTP à nova Confederação Sindical Internacional (CSI), o que levou o candidato a dizer que não estava ali "para responder em nome da CGTP".
Questionado no final pelos jornalistas sobre a utilidade do seu trabalho para o sindicalismo, foi contido: "Não sou eu que o vou dizer. O júri entendeu que sim [que é útil]".
Doutorado, o que muda para Carvalho da Silva? "Não muda coisa nenhuma, a vida é um caminhar contínuo, o que vai acontecer amanhã não sei", disse. E como gostaria de passar a ser tratado? "Por Manuel, que é o meu nome."

2 comentários:

Anónimo disse...

"Toma o amor guardado entre as conchas da minha mão. Dentro delas ouvi as ondas quebrando-se em pedras e o espectáculo de um pequeno musgo nascido à beira de um raio de sol. Dentro delas, ouvi a terra aninhando sementes e plantas entrelaçando a ponta de suas raízes. Finas raízes tentando sustentar o mundo sob as placas de cimento. As placas de cimento, de onde germinam as casas e crescem as pessoas, entrelaçando a ponta de seus braços e o mais fundo de seus corpos pela noite escura. Dentro delas, ouvi o mundo inteiro tentando ser par... e ouvi a ponta de tuas asas tocando minhas costas nuas, teu instrumento de cordas e suspiros profundos."

Escrito por Rita Apoena

Querida Graça,
este perece-me uma bela "Metáfora" de férias!!!
Uma mar de amor
um areal de paz...
beijo rita assis

graça martins disse...

Querida Rita cheia de asas,

trago uma felicidade maior agora que a tua presença visitou o meu "ninho".

Tão terno o texto dessa outra Rita voadora.
beijinhos criando raízes na seiva das pedras.

Graça Martins