sexta-feira, fevereiro 23, 2007

tomai lá do O'Neill




Pretextos para fugir do Real

"A uma luz perigosa como a água
De sonho e assalto
Subindo ao teu corpo real
Recordo-te
E ás a mesma
Ternura quase impossível
De suportar

Por isso fecho os olhos

(O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da
provocação. É assim que te faço arder triunfalmente onde
e quando quero. Basta-me fechar os olhos)

Por isso fecho os olhos
E convido a noite para a minha cama
Convido-a a tornar-se tocante
Familiar concreta
Como um corpo decifrado de mulher

E sob a forma desejada
A noite deita-se comigo
E é a tua ausência
Nua nos meus braços

Experimento um grito
Contra o silêncio

Entro e saio
De mãos pálidas nos bolsos

Assobio às pequenas esperanças
Que vêm lamber-me os dedos

Perco-me no teu retrato
Horas seguidas

E ao trote do ciúme deito contas
Deito contas à vida."

"tomai lá do O'Neill - uma antologia"

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Plantage

Plantage*
(clic)
Um filme extraordináriamente bem feito em 3D
de Amanita Design e com música de Bjork.

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

domingo, fevereiro 18, 2007

“Há vitórias que exaltam, outras que corrompem; derrotas que matam, outras que despertam”.
Antoine de Saint-Exupéry

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Isto Assim - de Pedro Paixão


Ilustração de
Luis Prina


(texto sugerido pela Ana do 11º AVB - Revista Umbigo Dez. 2006, pp. 44 e 45)

Almada Negreiros


Revista "Umbigo" (Dez. 2006, pp.34)

...às vezes parece que alguém nos quer dizer alguma coisa...






“Olhos de águia”


“Quando acossado o animal ainda morde, ataca,
mas ela sempre só conseguia fugir…
era essa a plenitude da sua coragem,
memória de tempos alados…
Antes de se tornar

cadela.

Desistiu, por amor a um cão,

de ter asas.
Era tempo de criar ninhada
E só o amor tem esse poder.

Esse perder.

Na fuga, chegou por fim a um penhasco de serra.
Dois abismos,
Uma opção.

Ainda pensou no voo da única cria
Tinha a certeza que lhe tinha herdado o poder, o segredo das asas
mas saberia usá-lo?

A dúvida reteve-a noite e dia

e noite.

Mais noite que dia.
Até que ouviu a proximidade

do silvar das balas
Perseguidoras por despeito.

A transmutação trouxe-lhe o aguçar dos sentidos
Do olfacto

Tirou o aroma à aragem do vento e
Lançou-se.

A meio caminho ainda sentiu a presença, no dorso, das asas perdidas
Efeito de sugestão.

Era uma epifania,
ilusão criada pela própria vertigem da queda.

O chão chegou.
Implacável
Com a força da gravidade.

Ainda sorriu com o sabor do sangue quente na boca.

Tinha escolhido o abismo certo.

O outro estava cheio de encruzilhadas, armadilhas dos sentidos, sentimentos de culpa, obrigações, dúvidas, traições, imposições…
Iria tropeçar em mil obstáculos antes do fim.

Quem um dia teve asas
Não há melhor morte
Não há melhor sorte
Que o voo derradeiro no vazio.

Um bater de asas passou-lhe próximo do rosto
antes de se lançar em voo picado
Em direcção ao céu.

A cria
Sabia voar...

Nasceram-lhe então asas de luz
Deixou para traz os restos do animal desfeito.

Onde chegou
Só desejou uma coisa
(nunca tinha ambicionado muito):

Que lhe fossem dados
Olhos de águia.

Podia assim vigiar o sono e o voo da cria
Para sempre.
Aquele sempre que é tempo suficiente.
Só até aquele dia em que se pudessem juntar.
E ambas
Partir,
de novo,
para um outro céu.”

A.M.


domingo, fevereiro 11, 2007

PS chumba propostas para subsídio de desemprego aos docentes do superior 08.02.2007 - 19h08 Lusa

O PS chumbou hoje os projectos de lei do PCP, do Bloco de Esquerda e do CDS-PP para a atribuição do direito ao subsídio de desemprego aos docentes e investigadores do ensino superior, apesar dos votos favoráveis de toda a oposição.
Na discussão dos projectos em plenário, ontem, a oposição parlamentar foi unânime na acusação ao Governo de querer adiar o acesso dos docentes do ensino superior ao subsídio de desemprego para poupar dinheiro, evitando abranger os que este ano lectivo ficarão sem trabalho.O PS justificou o chumbo dos três projectos com a garantia de que o Governo vai apresentar até final de 2007 uma proposta no mesmo sentido, abrangendo os docentes e todos os trabalhadores da administração pública nas mesmas condições.Os partidos da oposição acusaram que o adiamento tem apenas como finalidade deixar de fora os milhares de professores do ensino superior que dizem vir a ser despedidos ainda este ano lectivo.

Público

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Susan Sontag








¨Nós vivemos numa cultura em que a inteligência é defendida como instrumento de repressão e autoridade, quando a única inteligência válida é crítica, dialética, cética e não-simplificadora¨
Susan Sontag

terça-feira, fevereiro 06, 2007

MUDAR


"...ao falar, eu desvendo a situação por meu próprio projecto de mudá-la; desvendo-a a mim mesmo e aos outros, para mudá-la; atinjo-a em pleno coração, trespasso-a e fixo-a sob todos os olhares; passo a dispor dela; a cada palavra que digo, engajo-me um pouco mais no mundo e, ao mesmo tempo, passo a emergir dele um pouco mais, já que o ultrapasso na direcção do porvir. Assim, o prosador é um homem que escolheu determinado modo de acção secundária, que se poderia chamar de acção por desvendamento. É legítimo, pois, propor-lhe esta segunda questão: que aspecto do mundo você quer desvendar, que mudanças quer trazer ao mundo por esse desvendamento? O escritor engajado sabe que a palavra é acção: sabe que desvendar é mudar e que não se pode desvendar senão tencionando mudar”.


(SARTRE, 1993: 20)

"Ó Gente Da Minha Terra"




Mariza
Amália Rodrigues



É meu e vosso este fado
Destino que nos amarra
Por mais que seja negado
Às cordas de uma guitarra

Sempre que se ouve o gemido
De uma guitarra a cantar
Fica-se logo perdido
Com vontade de chorar

Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que a recebi

E pareceria ternura
Se eu me deixasse embalar
Era maior a amargura
Menos triste o meu cantar

Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que a recebi