quinta-feira, novembro 16, 2006

Grave dos Alunos




"Bisogna avere il caos dentro di se per partorire una stella danzante..."
(Nietzsche )

(É necessário haver muito caos interior para parir uma estrela que dança...)

Por aqui também...convocados por sms uns aderiram...outros também não.
A ESCOLA é assim: !VIVA! tirada dos formatos pré-estabelecidos, criando movimento crítico, praticando a prática da cidadania no exercício da possibilidade de optar, de fazer consciência, de transpôr limites. Subscrevo!

A minha aula foi sair da sala de aula (adoro!). Em mesa redonda do bar, não grevistas e grevistas reunidos (uns com falta, outros com presença), dialogando, trabalhando (a fazer um logo para a escola), criando rasgos de possibilidades, desejos, reivindicações, opiniões. Juntos, porque sim, porque ali se estava bem...no fundo foi uma aula...a criar...outro modo de estar em aula...outro desenho de ESCOLA. Essa foi a conversa, o diálogo, enquanto o tempo voa, porque vale a pena.

A minha solidariedade para quem fez greve, o meu respeito para quem não fez, o respeito uns pelos outros e...no fim...todos colaboraram no trabalho proposto para aula. Coisa mais linda! Momentos de fazer valer a pena face à perversidade do resto, restos sem face.

6 comentários:

Anónimo disse...

Citar Nietzsche em italiano não lembra a ninguém!
Para além disso, minha cara, o que o homem disse (em alemão, que era a língua dele, e traduzido por quem o sabe fazer bem)foi: "É preciso ter o caos dentro de si para gerar uma estrela cadente."
Enfim, tão grave quanto uma greve inconsequente.

Inácia

graça martins disse...

Cara Inácia,
obrigado pela visita.
Ele Há coisas mais graves, garanto-lhe!
Citar Nietzsche em qualquer língua: japonês, francês, inglês, português, russo, árabe, tanto faz. Ainda bem que sabe alemão e sabe traduzir bem, fica-lhe bem o conhecimento, infelizmente resulta em débito de sabedoria.
Uma greve é movimento, gera possibilidades de criar condições para discutir dificuldades e oportunidades, direitos e deveres, responsabilidades. Pior é anexar a letargia à inércia. Pior é conhecer tão bem o que disse o filósofo e entender tão pouco do significado que promete.
Inconsequente.
...de qualquer modo obrigado pelo contributo. Não alterarei a frase em italiano, o homem, o filósofo, já não tem, a meu ver, nacionalidade, é global e de todos os que a ele têm acesso. Retirei a frase e tradução de um blog que adorei visitar, sem constrangimentos, aprendendo...mesmo um "erro" tal como o caos pode "gerar uma estrela cadente".
Envio-lhe daqui uma estrela para si.
Graça Martins

graça martins disse...

Aquele que imita, copia, pouco acrescenta ao que foi dito. Aquele que interpreta, recria, coloca-se, enquanto pessoa (com nacionalidade, cultura, raça, género, etc.), no que lê, vê, ou apreende e sempre acrescenta algo - é humano!!! a partir daí podem-se parir estrelas ou "gerar" (como quiser).

Quanto ao "erro" em si, Gonçalo M. Tavares, também ele filósofo, diz que é no erro que começa a criação. Quem pode dizer que acerta? sobre que bases? Quem disse que a verdade não é uma mentira fundamentada? Quem é o sábio que tudo sabe e cujos paradigmas não podem ser contestados, recriados, ponderados? Temos de parar o mundo para que nos sentamos confortavelmente nos nossos sofás e confirmar tudo o que nos dizem pela TV, jornais, livros, revistas devidamente certificados? Temos que anular o nosso próprio julgamento?

Temos que parar de pensar? e passar a IMITAR!!!???

Tudo seria certamente muito mais fácil.

Por mim, gosto do som do italiano. Gostei do que li, na altura copiei para um ficheiro. O teor está lá. Eu também.

Tenho, para mim a convicção que o filósofo não se importaria, pois conheço mais referências e textos dele que me falam assim. Posso estar enganada e, nesse caso assumo o erro. Foi meu! Tenho o defeito de acreditar nas pessoas, por isso acredito que a sua tradução também, é ela mesma, a sua verdadeira tradução. Pelo teor, prefiro manter a versão e respectiva tradução, em italiano, pois acredito que foi de boa vontade. Os próprios tradutores, por muito que o desejem, têm, necessariamente de modelar a tradução ao universo em que o livro, ou texto, será lido, por isso existem "notas do tradutor".

“As palavras são boas. As palavras são más. As palavras ofendem. As palavras pedem desculpa. As palavras queimam. As palavras acariciam. As palavras são dadas, trocadas, oferecidas, vendidas e inventadas. As palavras estão ausentes. Algumas palavras sugam-nos, não nos largam: são como carraças: vêm nos livros, nos jornais, nos slogans publicitários, nas legendas dos filmes, nas cartas e nos cartazes. As palavras aconselham, sugerem, insinuam, ordenam, impõem, segregam, eliminam. São melífluas ou azedas. O mundo gira sobre palavras lubrificadas com óleo de paciência. Os cérebros estão cheios de palavras que vivem em boa paz com as suas contrárias e inimigas. Por isso as pessoas fazem o contrário do que pensam, julgando pensar o que fazem. Há muitas palavras.” Saramago

Adorei ver os jovens em greve, nos meus tempos de estudante fiz greve na António Arroio em Lisboa. O motivo porque o fazia, agora, já não me parece nada razoável, mas na altura, ajudou-me a crescer, a entender que existiam mais coisas para além do conhecimento escolar, obrigou-me a optar, a reflectir, obrigou-me a amadurecer enquanto cidadã participativa, actuante. Isso não considerarei inconsequente. Maior confusão me fazem os quadros de honra - para os meninos "pedigri", para os que já foram "enquadrados" pelas oportunidades, pelos que sempre tiveram direitos e, muitas vezes, pouco acrescentam, pela apatia, subserviência ao estabelecido, e medo de actuar porque pode parecer mal. Os "outros" têm destinos já traçados. É para esses o meu abraço, a minha preocupação, a minha raiva, o meu desgaste, a minha intervenção!

"Enfim, tão grave quanto uma greve inconsequente."???

"Grave"? alguém se machucou?

"Inconsequente"??? Eu falei com os meus alunos! nenhum e nenhuma me fez olhar a greve como algo parecido com inconsequente, pelo contrário, tiveram de argumentar, justificar, defender as suas opiniões pois fiz o exercício de os questionar.

Inconsequente é parar! Morrer por antecipação ou conveniência.

Agradeço a oportunidade que me deu para escrever mais estas linhas. Com o pouco tempo que tenho quase nem me apetecia responder, mas não resisti a responder um pouco mais à sua intervenção.
Graça Martins

Anónimo disse...

Minha cara

Em parte alguma do meu comentário eu lhe afirmei saber alemão. Disse-lhe, apenas, que a frase citada em italiano distorcia o original alemão, que li em tradução feita por quem as sabe fazer bem. À tradução do italiano para o português, nem vale a pena fazer comentários.
Mas há coisas mais graves, concordo. Quer um exemplo? Aquele acento absurdo na palavra "indigo" no frontão do seu blogue. A palavra nunca foi acentuada graficamente e o acento tónico recai na penúltima sílaba.
Fiquemos por aqui, que estou velha e cansada para conversas destas.


Notas de rodapé:
1.A caríssima pintora não entendeu o meu trocadilho "grave/greve". Sugiro que olhe para o título do seu post.
2.Repetir um erro só promove o regresso ao caos de onde é suposto ser necessário sair.
3.Não me parece muito conveniente que um tradutor "recrie" as palavras de um filósofo.
4.É "pedigree" e não "pedigri"
5. Gonçalo M.Tavares? Saramago? Pobre Nietzsche, quantas voltas no túmulo!

Inácia

graça martins disse...

inácia,

não sou sua cara

não sei de onde vem tanto fel

vi o trocadilho

não tive, nem tenho tempo para corrigir

não me apetece corrigir

engano-me mais vezes do que desejaria

vou assumir o meu grave erro e manter como está (certamente fará muita gente sentir-se inteligente por detectar as falhas de outros)

desejo que a sua sabedoria e eficácia linguística torne este mundo melhor

vou errar muito mais do que desejaria

vou errar menos se não fizer nada

não sei sua identidade, mas sugiro que visite blogs, lugares, amigos, etc, onde se sinta bem, confortavel e tranquila ou tranquilo

adoro o meu Índigo

muitas estrelas, muita luz, muito tempo, muita energia para continuar, de um modo tão bonito, a corrigir os que tanto erram

Índigo porque sim

e mais não digo

Graça Martins

Anónimo disse...

Parabéns Graça,
pelo respeito demonstrado a todos os alunos, pela iniciativa criativa, pela aula na rua. Como os Mestres sempre fizeram: Romper barreiras e os preconceitos.
Acredite, os seus alunos vão lembrar-se por muitos anos desse dia. E da Professora.
Assim o faço com alguns que tive como mestres.