quinta-feira, outubro 29, 2009
Quem não lê,
Quem não ouve música,
Quem destrói o seu amor-próprio,
Quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
Quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
Quem prefere O "preto no branco"
E os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis,
Justamente as que resgatam brilho nos olhos,
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
Quem não se permite,
Uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da
Chuva incessante,
Desistindo de um projecto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
Recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o
Simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!"
Pablo Neruda
um obrigada à
Presidente da Direcção do Centro de Bem Estar da Zona Alta, pelo poema, pela coragem e pelo exemplo e pelo carinho e pelo orgulho! mulher sábia/coragem/carinhosa!(filha da minha avó Ester)
quarta-feira, outubro 21, 2009
terça-feira, outubro 20, 2009
segunda-feira, outubro 19, 2009
Centro de Avaliação e Intervenção Psico-Educacional
uma placa cujas palavras chave fariam fugir qualquer necessitado de dar ou receber o que quer que fosse nos dias de hoje, mas nos nossos princípios de sermos gente terá sido, eventualmente, um lugar de boa fé...e onde, possivelmente, se fez alguma coisa.
Vê-se pelo logotipo. Gente de braço dado em crescendo..."quase" ingénuo e nada conveniente.
Hoje teria uma patone (CMYK) talvez entre o "beringela" e o "maçã verde" traduzindo um dar lugar ao "espírito" e a uma "ecologia" da avaliação e da intervenção Psico-Educacional que hoje não sabemos mais o que é nem do que se trata, talvez porque servirá para muito pouco...por isso quiçá umas referências ao abstracionismo da coisa, umas bolas alteranando tamanho para sugestionar uma acolhedora participação e, ao mesmo tempo, dar um toque anos 60...arte pop (popular), ou então umas tiras ondulantes (a parte da psico-educacional) a finalizar e enredar o enquadramento tornando o "logo" mais cativante. depois a web, claro! e os 3 dígitos do telefone indicando espaço e lugar geográfico. depois aquilo que a gente sabe. Para nada! HOJE! (a foto é de ontem)
sábado, outubro 17, 2009
sexta-feira, outubro 16, 2009
revista INUTIL
"INÚTIL pretende ser um terreno onde a experimentação do registo poético passe pelos ângulos, escadas, esquinas, becos e afagos da expressão artística, desconstruída pelas duplas mãos da palavra e da imagem. O inútil desmultiplica-se em processo de pensamento, na conversa desfocada entre a lente do fotógrafo, a curva da estrada, a imagem encurralada no papel da viagem até ao interior da página.Começa assim a vida de uma espécie Inútil, desintegrada em imaginárias matérias. As piruetas fazemo-las nós, a três dimensões, em traços construídos de margens e desenhando letras suspeitas de deslizes triangulares. No sofá estendemos circularmente a poesia, a prosa poética, o ensaio, o desenho, a fotografia, a colagem, o movimento, costurados em diálogos cúmplices com a linha do conceito temático de cada número. A periodicidade é inútil, ainda que assuma agora a forma quadrimestral.Pretendemos acordar sem nos lembrarmos dos sonhos. Crescer em plataformas de rasgões de luz, como o lado contrário do útil, que se perde sempre em registos demasiado fáceis de conceitos literários esvaídos. Rascunha-se o tema como corpo começado e inutilmente deixado ao relento para que se descole a pele e se rasguem os princípios do preto e branco geométrico da arte transformada na coisa inútil que será sempre. INÚTIL é um ensaio onde a ilusão pode ser sempre o vibrato do olhar.Agora, fechemos os olhos e comecemos a ilustrar a porta de um dos mortais pecados assinados por aqui. Que seja a ira a pulsação INÚTIL do primeiro número."
[lançamento a dia 23 de Outubro, 22:00, Ler Devagar - LX Factory]
ic-ci
Italo Calvino "As Cidades Invisíveis"
de Clarice
O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.
Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.
Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"
Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.
Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!
Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.
quarta-feira, outubro 14, 2009
laranja, licor de mel, canela e hortelã
terça-feira, outubro 13, 2009
sublime
segunda-feira, outubro 12, 2009
terça-feira, outubro 06, 2009
sem tempo para arrelias
à tarde