quinta-feira, outubro 29, 2009

"Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê,

Quem não ouve música,
Quem destrói o seu amor-próprio,
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
Quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
Quem prefere O "preto no branco"
E os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis,
Justamente as que resgatam brilho nos olhos,
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
Quem não se permite,
Uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da
Chuva incessante,
Desistindo de um projecto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
Recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o
Simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!"

Pablo Neruda

um obrigada à
Presidente da Direcção do Centro de Bem Estar da Zona Alta, pelo poema, pela coragem e pelo exemplo e pelo carinho e pelo orgulho! mulher sábia/coragem/carinhosa!(filha da minha avó Ester)

segunda-feira, outubro 19, 2009

o campo hoje a preto e branco







opacos e transparentes











Centro de Avaliação e Intervenção Psico-Educacional

Centro de Avaliação e Intervenção Psico-Educacional
tel: 767 483
Lagos

uma placa cujas palavras chave fariam fugir qualquer necessitado de dar ou receber o que quer que fosse nos dias de hoje, mas nos nossos princípios de sermos gente terá sido, eventualmente, um lugar de boa fé...e onde, possivelmente, se fez alguma coisa.

Vê-se pelo logotipo. Gente de braço dado em crescendo..."quase" ingénuo e nada conveniente.

Hoje teria uma patone (CMYK) talvez entre o "beringela" e o "maçã verde" traduzindo um dar lugar ao "espírito" e a uma "ecologia" da avaliação e da intervenção Psico-Educacional que hoje não sabemos mais o que é nem do que se trata, talvez porque servirá para muito pouco...por isso quiçá umas referências ao abstracionismo da coisa, umas bolas alteranando tamanho para sugestionar uma acolhedora participação e, ao mesmo tempo, dar um toque anos 60...arte pop (popular), ou então umas tiras ondulantes (a parte da psico-educacional) a finalizar e enredar o enquadramento tornando o "logo" mais cativante. depois a web, claro! e os 3 dígitos do telefone indicando espaço e lugar geográfico. depois aquilo que a gente sabe. Para nada! HOJE! (a foto é de ontem)

por terra ou por mar







fernão capelo?






não é fácil caçar as gaivotas todas

CLOQUE | lugar de eleição



ontem ausente

sábado, outubro 17, 2009

sexta-feira, outubro 16, 2009

quase sem querer . zélia duncan




viola e voz e viola
A primeira vez que ouvi Lenine foi numa loja perto da Praça da Catalunha em Maio passado. a música acompanhou o meu tempo|espaço . pedi o nome do cantor . comprei o cd . tenho-o aqui comigo . ainda não tive tempo para ouvir com um pouco mais de calma . às vezes as músicas marcam os lugares onde fomos (do verbo ser).

Festival da BD dia 23 OUT a 8 NOV Amadora

a namorada de wittgenstein

revista INUTIL

Editorial #1

"INÚTIL pretende ser um terreno onde a experimentação do registo poético passe pelos ângulos, escadas, esquinas, becos e afagos da expressão artística, desconstruída pelas duplas mãos da palavra e da imagem. O inútil desmultiplica-se em processo de pensamento, na conversa desfocada entre a lente do fotógrafo, a curva da estrada, a imagem encurralada no papel da viagem até ao interior da página.Começa assim a vida de uma espécie Inútil, desintegrada em imaginárias matérias. As piruetas fazemo-las nós, a três dimensões, em traços construídos de margens e desenhando letras suspeitas de deslizes triangulares. No sofá estendemos circularmente a poesia, a prosa poética, o ensaio, o desenho, a fotografia, a colagem, o movimento, costurados em diálogos cúmplices com a linha do conceito temático de cada número. A periodicidade é inútil, ainda que assuma agora a forma quadrimestral.Pretendemos acordar sem nos lembrarmos dos sonhos. Crescer em plataformas de rasgões de luz, como o lado contrário do útil, que se perde sempre em registos demasiado fáceis de conceitos literários esvaídos. Rascunha-se o tema como corpo começado e inutilmente deixado ao relento para que se descole a pele e se rasguem os princípios do preto e branco geométrico da arte transformada na coisa inútil que será sempre. INÚTIL é um ensaio onde a ilusão pode ser sempre o vibrato do olhar.Agora, fechemos os olhos e comecemos a ilustrar a porta de um dos mortais pecados assinados por aqui. Que seja a ira a pulsação INÚTIL do primeiro número."
Maria Quintans

[lançamento a dia 23 de Outubro, 22:00, Ler Devagar - LX Factory]

joão concha - ilustração




ic-ci

"O inferno dos vivos não é uma coisa que virá a existir; se houver um, é o que já está aqui, o inferno que habitamos todos os dias, que nós formamos ao estarmos juntos. Há dois modos para não o sofrermos. O primeiro torna-se fácil para muita gente: aceitar o inferno e fazer parte dele a ponto de já não o vermos. O segundo é arriscado e exige uma atenção e uma aprendizagem contínuas: tentar e saber reconhecer, no meio do inferno, quem e o que não é o inferno, e fazê-lo viver, dar-lhe lugar."

Italo Calvino "As Cidades Invisíveis"

de Clarice








O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.
Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.
Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"
Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.
Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!
Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.

quarta-feira, outubro 14, 2009

laranja, licor de mel, canela e hortelã

...fins de tarde cada vez mais imperfeitos: esquecer o dia, nem lembrar do trabalho, beber uma sangria com canela e hortelã na espreguiçadeira virada a sol e ao mar. ambientes vários. domingo fado ao vivo, hoje o saxofone refinava o bater das ondas na falésia. perguntar-me-ia cada vez mais onde, quando e porque razão, deixei o tempo tomar conta da vida...se não fosse a agradável sensação de não ter de responder sequer a qualquer pergunta e deixar o saxofone cantar por baixo das gaivotas...só. não se explicam os momentos que passamos ao lado da vida. viver só. não adocicar o cérebro com as pertinências e necessárias e inadiáveis soluções para o mundo e concluir em conclusivas inferências, devidamente fundamentadas e referenciadas, as contextualizações acidentadas das contemporâneidades, suspeitar que o mundo vai de mal a pior, que a natureza humana anda mais que perdida, que o mundo perfeito conceptualizado para o homem livre era isto afinal. laranja, licor, mel, canela e hortelã. pode ser tinto.

terça-feira, outubro 13, 2009

leve...prás viagens | do filho do Raul Solnado

| Lightness

Liliana Laranjo

efectivamente...leve..


sublime

Uma sublime caminhada tardia no passadiço de madeira à ida e contra um sol poente à vinda. Chegar ao limite do paredão junto ao farolim, sentir as entranhas do mar. Não me recordar nem poema, nem imagem, nem música semelhante ao lugar e ao momento. Eu, uma brisa e uma espécie de navegação irreal. Depois o sol a desfazer-se no espelho de sal e a areia molhada numa praia quase deserta com gaivotas a voar aos círculos como se também eu pudesse fazer parte dessa dança. Convite. Passos inseguros ainda, pura magia caminhar no movimento das coisas incertas. Surfistas da tarde. Esquecer as nódoas negras da mudança e os braços doridos de carregar caixotes e malas e vida. Pergunto como pude deixar passar tanto tempo sem fins de tarde assim a troco de um computador fiel, às vezes virulento, à frente do nariz. Não levei máquina. Impossível capturar o aroma. Valiosas coisas de graça.

segunda-feira, outubro 12, 2009

terça-feira, outubro 06, 2009

sem tempo para arrelias



à tarde


...até hoje.
(e sem o clik mágico da Margarida e do Zé Ricardo, mas com um batido de frutas tropical e o sorriso ímpar da Sara)
com abraços
mgm